Futuro da TV unirá camadas físicas, redes e aplicativos, diz Raymundo Barros

Raymundo Barros, da Globo, no Pay-TV Forum 2022. Foto: Marcelo Kahn/TELETIME

O futuro da TV, pelo menos o da TV feita pela Globo, é uma união de diversas camadas que chegam ao consumidor de forma transparente, que terá acesso sempre à melhor versão do conteúdo no dispositivo em que está e contará com conteúdo personalizado. Será uma mistura da camada física (TV aberta, fibra, cabo) com a camada de rede (IP, QAM, DVB), com a aplicação, contou Raymundo Barros, diretor de Estratégia e Tecnologia da Globo, no Pay-TV Forum 2022 nesta quinta, 4.

Segundo Barros, "o IP venceu" e o futuro será resolvido pela camada da aplicação. E executivo conta que está preparando o lançamento para smart TVs mais modernos do aplicativo Globoplay que resolverá sozinho a escolha da camada ou da rede por onde chegará o conteúdo. Se o usuário fizer um simulcast do conteúdo que está na TV aberta, o app buscará o sinal do ar, ao invés do IP, poupando o tráfego de rede. No entanto, se o conteúdo estiver disponível em 4K na rede IP e o dispositivo for compatível com a definição, a origem do sinal será a que tem a melhor qualidade possível. Além disso, ao assistir um conteúdo em simulcast no Globoplay, a publicidade não é, necessariamente, a mesma que vai ao ar. O aplicativo faz o endereçamento de publicidade programática para o perfil daquele espectador. Este feature, conta o executivo, já está disponível.

"Os devices serão capazes de abstrair a complexidade. Para nós, o Globoplay integrará isso tudo, de maneira que o consumidor não perceba por qual camada física e de rede chega o conteúdo", diz Barros.

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Segundo ele, a Globo pretende ampliar a publicidade endereçada para outras plataformas, inclusive a TV por assinatura tradicional. "Estamos dispostos a conversar sobre a digitalização dos modelos de negócios das plataformas legadas", disse, mencionando a possibilidade de ter publicidade direcionada para assinantes das principais operadoras. Sobre uma eventual dificuldade de integração, diz que não se preocupa, pois "os engenheiros resolvem".

Mediatech

Raymundo Barros falou também sobre o desafio que é a transição para uma cultura digital na Globo. Se antes ele era cobrado por prazos, qualidade de imagem, transmissão, hoje a área de tecnologia também tem que responder por performance de engajamento e publicidade, redução do churn etc.

Construir a área digital, diz, não foi o maior desafio. O desafio é, sobretudo, cultural. "Tínhamos uma organização silada na TV aberta e na TV paga", diz. "A Globo é uma empresa que vem passando por um processo doloroso, que gera sofrimento interno, por que é difícil mudar, mas a pior fase já ficou para traz", completa.

De cerca de 500 profissionais, a tecnologia saltou para aproximadamente 1,8 mil, que precisam trabalhar de forma muito mais integrada com as outras áreas da empresa.

Esta integração exige que sejam tomadas decisões corajosas. Em 2014, lembra Barros, a Globo inaugurou "um imenso data center, maravilhoso". Em 2021, a estrutura foi vendida e foi feito um acordo de grande escala com o Google. "No mundo moderno, precisamos construir relações, mesmo que com o principal competidor em publicidade", disse Barros.

Com o acordo, a Globo passou a ter uma CDN mais robusta e acesso ao Google Cloud. "A essência do movimento é o acesso a ferramentas avançadas que uma empresa de mídia não tem como bancar sozinha", diz.

Essa infraestrutura é o que permite tratar os dados de mais de 100 milhões de usuários únicos mensais que deixam diariamente mais de  10 bilhões de pegadas digitais. "Estamos escalados com a capacidade que o Google Cloud trouxe ao nosso ecossistema. O Erick Bretas (diretor de Produtos Digitais e Canais Pagos da Globo) tem milhares de conteúdos e pode fazer o ROI (cálculo do retorno de investimentos) de qualquer um deles, usando a inteligência artificial", exemplifica.

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