Bernardo: "não estamos preocupados se leilão for depois das eleições"

Para o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o adiamento provocado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) do leilão de 700 MHz foi ruim, mas pode não significar que o ano está perdido. "Não estamos preocupados se vai sair antes ou depois das eleições, achamos que dá para fazer antes, mas, se for depois, não vejo nenhuma dificuldade", afirmou ele em conversa com jornalistas durante abertura da ABTA 2014 nesta terça, 5. Segundo ele, o TCU fez exigências ao Minicom e à Anatel que podem resultar em "ajustes" no edital, mas não mudanças profundas. "Prestamos todas as informações, conversei com (o presidente da agência, João) Rezende e ele me disse que foi dado o prazo de 15 dias, mas pode ser antes." Ele garante que, da parte do governo, essas informações serão fornecidas antes do prazo. Segundo apurou este noticiário junto a fontes do governo, o que deixou realmente incomodado o Minicom foi perceber um aparente trabalho de bastidor orquestrado por alguns dos players interessados em adiar o leilão, inclusive usando argumentos eleitorais (o de que um eventual adiamento prejudicaria a candidatura do governo). Ninguém dá nome aos bois, mas tanto teles quanto radiodifusores são elencados como suspeitos, segundo os interlocutores ouvidos por TELETIME.

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Bernardo, contudo,  não entra em divergência com o Tribunal. "Até onde eu sei, alguns parâmetros foram alterados. Significou uma diferença para o tamanho do leilão, não é tão grande, é coisa de menos de 1%, mas aumentou um pouco o preço", diz. O ministro explica que o TCU foi específico em falar em parâmetros que, mexidos, resultaram em impacto.

Players

Paulo Bernardo ainda explicou que as regras do edital não exigem que o pagamento seja feito à vista, mas que isso acabará sendo mais vantajoso. "Quando a empresa ganhar e formalizar o contrato, tem que pagar o mínimo de 10% e pode parcelar o resto. Como a taxa de juros é razoável, não é pequena, a empresa que tiver dinheiro tende a pagar à vista", detalha. Também segundo fontes do governo, existia, até aqui, uma costura para que o BNDES entrasse como financiador do leilão.

Esse ajuste no pagamento e a busca por fopntes de financiamento levou em conta inclusive as dificuldades financeiras da Oi. O mercado especula que a operadora poderia ter problemas na hora de participar do leilão. "Estamos observando (a movimentação no mercado) e acho que seria importante a Oi participar. Na nossa avaliação, quem não participar vai ficar com desvantagem competitiva", explica, citando a característica técnica da faixa de 700 MHz, que oferece ampla cobertura, e das "áreas importantes como o interior de SP, RJ e PR".

O ministro cita ainda a GVT (antes da oferta da Telefônica) como um dos interessados no leilão. "A GVT nos procurou e foi atrás para saber as regras do leilão, havia sinalizado uma vontade, não uma posição firme", declara. No caso de ocorrer fusão, ele não vê problemas se ambas comprassem lotes (de 10 MHz + 10 MHz). Mas ressalta: "Eu acredito que é bem difícil nessa conjuntura. Se tiverem conversado mesmo, não vão participar as duas".

Ele afirma que o resultado do roadshow internacional realizado em julho com operadoras e investidores para promover a faixa teve resultado positivo, apesar de reclamações de haver pouca rentabilidade. "A gente sempre ouve isso, vamos relativizando".

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