Luiz Tonisi assumiu a presidência da Qualcomm Latin America no início deste ano. À frente da nova empresa, ele tem dois projetos importantes pela frente: tornar a Qualcomm e sua linha de processadores conhecida e desejada fora do mundo dos handsets, e posicionar a empresa como fornecedora de equipamentos e soluções completas de rede, além de ampliar a presença da tecnologia Qualcomm nos equipamentos de rede de telecomunicações.
Tonisi conversou com TELETIME durante o Digital Day, evento realizado pelo Ministério das Comunicações em Brasília para demonstrar tecnologias de 5G. A Qualcomm entrou na última hora entre o grupo de expositores, e trouxe uma solução de roteador (CPE) 5G combinado com WiFi6, aplicações de realidade virtual e a tecnologia CV2X, para veículos conectados.
Segundo Tonisi, a Qualcomm está se reposicionando para ocupar outros espaços de mercado. Na parte de chipsets, a empresa já trabalha há alguns anos para desenvolver notebooks com o Snapdragon embarcado em vez de processadores Intel. Esse movimento deve ganhar força sobretudo depois que a Apple começou a embarcar seus próprios processadores M1 na sua linha de notebooks, sinalizando o fim da hegemonia da Intel no mercado de processadores de computadores pessoais e fomentando uma nova abordagem, baseada no uso de chipsets com arquitetura ARM, mais eficientes em termos de consumo de energia.
Além disso, a fornecedora também quer estar em carros conectados e aplicações de IoT, e quer que a marca Snapdragon seja um fator de escolha dos equipamentos com tecnologias de conectividade embarcada, qualquer que seja o mercado.
Outro segmento em que a Qualcomm aposta em uma nova abordagem é como integradora de soluções "as a service" de IoT, especialmente para redes privativas. A companhia está desenvolvendo uma rede de parceiros e canais no Brasil, através dos quais quer atuar no modelo de white label.
Segundo Luiz Tonisi, a Qualcomm também deve voltar a atuar no desenvolvimento de equipamentos de rede de telecomunicações, e não apenas nos handsets dos usuários finais. No passado, a Qualcomm já atuou nesse segmento, como quando desenvolveu tecnologias como o WLL (uma tecnologia de telefonia fixa wireless), e agora aposta na adoção do Open RAN como padrão da indústria para crescer nesse segmento junto a novos vendors que entrarão no mercado.
Tonisi explica que todas estas estratégias são globais, mas elas ficam mais claras na América Latina justamente por ser um mercado sem atores dominantes e grandes atores nacionais no segmento de hardware e software. "Quase toda a tecnologia na região vem de fora, então existem mais oportunidades".