A TIM teve crescimento no trimestre, mas sentiu impactos da crise proporcionada pela pandemia do coronavírus (covid-19) nos resultados do primeiro trimestre. A operadora comunicou nesta terça, 5, em seu balanço trimestral, uma desaceleração no ritmo da receita total por conta da queda do volume de recargas do pré-pago. Ainda assim, a companhia mostrou crescimento com a melhora do mix, além do desempenho na Internet fixa.
A receita líquida da empresa aumentou 0,6% comparado com o primeiro trimestre de 2019, totalizando R$ 4,215 bilhões. Considerando a receita de serviços, o total foi de R$ 4,091 bilhões, avanço de 1,7%. Segundo a TIM, a receita de serviços reduziu o ritmo de expansão após três trimestres consecutivos de crescimento.
O maior impacto, argumenta, é devido aos desdobramentos da pandemia do coronavírus a partir da segunda quinzena de março. "A desaceleração na expansão dessa linha refletiu, principalmente, a queda mais acentuada na receita do segmento pré-pago com a redução no número de clientes recarregadores no segmento", diz a empresa. Essa redução de clientes que fazem recargas foi de 10% no período.
O serviço móvel é ainda o maior componente da receita, com R$ 3,840 bilhões, acréscimo de 1,2% no trimestre. Porém, a operadora registrou queda de 4,5% na receita do pré-pago, citando novamente os efeitos da covid-19. Por outro lado, diz que a marca de 500 mil clientes na oferta TIM Black Família contribuiu positivamente para melhora do mix, com aumento de 2,8% na receita de clientes pós-pagos (ou 3,7%, excluindo a interconexão). Lembrando que o balanço pega apenas duas semanas de políticas de confinamento no total de três meses compreendidos no informe.
Embora tenha menor participação, o serviço fixo foi o que mais cresceu em receita; 9,4%, total de R$ 251 milhões. Considerando somente a TIM Live (que representa 58% da receita do segmento fixo, quase 8 pontos percentuais a mais do que em 2019), houve aumento de 29,1%. A empresa destaca ainda o aumento de 6,1% da receita média mensal por usuário (ARPU) da banda larga residencial, agora em R$ 84,5.
Os R$ 124 milhões restantes da receita líquida total são do segmento de produtos, com uma queda de 25,5%. Esse desempenho se deu em virtude da queda de volume de aparelhos vendidos (29,4%) com a menor disponibilidade de renda e impacto da desvalorização cambial no preço dos handsets.
Destaca-se que no primeiro trimestre, as provisões para devedores duvidosos (PDD) aumentaram 9,3%, no quarto trimestre consecutivo de desaceleração de crescimento. "Tal performance é explicada pelo aumento da base de receita exposta a inadimplência em função do aumento da base pós-paga em 5,3% A/A, além de um ambiente macroeconômico desafiador (desemprego, renda e endividamento das famílias)."
Lucros e investimentos
A TIM registrou R$ 1,924 bilhão de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) reportado, um aumento de 7,9%. Segundo a operadora, as principais alavancas foram a manutenção de forte controle de custos/despesas e aumento da receita do serviço móvel e do fixo.
A margem EBITDA reportada foi de 45,6%, avanço de 3,1 p.p. em relação ao primeiro trimestre de 2019. Novamente, a empresa destaca a influência dos custos, além da expansão da receita, "a despeito de um ambiente macroeconômico desafiador". O lucro líquido, por sua vez, cresceu 34,8% e encerrou o trimestre em R$ 162 milhões.
O Capex da empresa no período foi de R$ 904 milhões, aumento de 39,1% no comparativo anual. A operadora justifica que houve menor nível de investimentos no trimestre do ano anterior, que representou apenas 17% do total do ano. O montante foi mais destinado à infraestrutura (90% do total), especialmente projetos de TI, tecnologia 4G em 700 MHz, redes de transporte e expansão do FTTH (15% dos investimentos no período).
Assim, o fluxo de caixa operacional foi negativo em R$ 396 milhões, um aumento de 22% comparado ao ano anterior. A TIM diz que o desempenho é efeito do aumento do Capex.
A dívida líquida da companhia aumentou R$ 1,012 bilhão em 12 meses, e encerrou março totalizando R$ 10,156 bilhões. A relação dívida líquida/EBITDA ficou em 1,03 no trimestre.
Operacional
A operadora encerrou março com queda de 4,1% na base móvel total, totalizando 52,826 milhões de acessos – confira a análise do TELETIME clicando aqui. Desses, 31,153 milhões eram pré-pagos (redução de 9,7%). Por outro lado, o pós-pago avançou 5,3%, totalizando 21,673 milhões de chips.
A TIM afirma estar cobrindo 3.506 cidades com 4G, um avanço de 6,4%. Dessas, 2.436 (avanço de 65,6%) são com a faixa de 700 MHz. Ainda em cima do total, 3.459 municípios contavam com a tecnologia de voz sobre 4G (VoLTE), um aumento de 27,6%. A tele também avançou no 3G: 3,1%, agora totalizando 3.285 cidades.
A empresa diz ter 21.652 sites, dos quais 84% são cobertos com backhaul de alta capacidade. A operadora declara ter aumentado em 11,2% a sua rede de fibra – backbone e backhaul -, totalizando 102 mil km em março.
A base de clientes de telefonia fixa aumentou 16,4%, ficando em 1,101 milhão de acessos. Já a base de clientes da TIM Live avançou 20,2%, apresentando agora 584 mil contratos. O FTTH chega até 2,5 milhões de domicílios passados, enquanto a fibra até o gabinete (FTTc) alcançou 3,6 milhões de homes passed. Na combinação das duas tecnologias, a empresa contabiliza 5,6 milhões de unidades em 26 cidades.