Terminou na última quinta-feira, 30 de abril, o prazo para que as empresas escolhidas no chamamento público da Rede Nacional de Pesquisas (RNP) ativarem conexões de Internet nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O programa, uma parceria da instituição com o Ministério da Saúde e o da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), visa promover o acesso a banda larga nesses postos para ajudar no combate à pandemia do coronavírus (covid-19). Para o presidente da associação de operadoras competitivas TelComp, João Moura, a iniciativa de conectar mais de 16 mil UBSs terá como efeito colateral também o aumento da capilaridade da rede para o consumidor final.
"As instalações estão sendo feitas todas com contratos de dois anos, vai ficar o legado", declara ele ao TELETIME em entrevista por telefone na semana passada. Moura explicou que, até aquele momento, ainda faltavam alguns ajustes com o Ministério da Saúde sobre os locais e velocidades desejados, mas que já havia movimentação para adiantar a infraestrutura. "Está super avançado, já tem gente na rua implantando fibra, preparando tudo para botar [as UBSs] para rodar", disse.
O efeito desse legado é que, se o provedor está levando a infraestrutura da Internet até as unidades básicas, poderá aproveitar para também comercializar capacidade usando essa extensão da rede. "É o tipo de movimento que gera efeito multiplicador interessante, porque no caminho [da fibra] passa em casas que também não estavam atendidas e aí colocam para vender", explica. "Tem potencial de crescimento por meio da demanda do serviço público que será feito."
Na opinião do executivo, o MCTIC e o Ministério da Saúde poderiam inclusive aproveitar o projeto da RNP para conectar as unidades básicas para atualizar o Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações (PERT) da Anatel. "São 16 mil lugares que não tinham nada, e agora estão ligando as redes, e para isso têm fibra em boa parte delas", destaca. A iniciativa da RNP dá preferência por fibra, embora também aceite como segunda e terceira opções o rádio (com espectro licenciado) e a conexão por satélite.
Outros setores
Moura também cita os projetos de conectividade em instituições de ensino, que agora investem em ensino a distância. "Parece claro que as universidades e escolas que fizeram EAD a toque de caixa não vão desativar isso do dia para noite; vão usar a infraestrutura para acelerar o que já deveriam estar fazendo", afirma. "Acho que a transformação digital acelerada pela crise vai deixar um legado aí para o futuro que representa mais necessidade de rede, mas, sem dúvida nenhuma, mais investimento das teles para reforçar as redes", analisa.
As publicações anteriores falam em 16 mil UBSs. Esta fala em 42 mil. Não ficou muito claro.
Olá João. Você tem razão, eu atualizei a nota com o número correto. Obrigado.