Claro: leilão 5G em 2020 não faz sentido

Foto: Christoph Scholz

Com a dimensão ainda desconhecida do impacto econômico da pandemia do novo coronavírus (covid-19) no Brasil, a realização do leilão de frequências para o 5G ainda em 2020 "não faria sentido", avaliou nesta terça-feira, 5, Paulo César Teixeira, CEO da área de acessos individuais da Claro ( móvel, banda larga, voz e TV paga).

"O 5G naturalmente vai ter que ser replanejado no sentido de mudanças no cronograma, pois não faz sentido [ocorrer o leilão] nesse cenário todo", afirmou o executivo, em conferência promovida pela Futurecom e transmitida pela Internet.

"Há um cenário de crise pela frente. Os números já indicam inadimplência maior, uma perspectiva de arrecadação menor e as empresas vão ter que decidir como se comportar. Seria mais saudável reprogramar para o leilão ocorrer no início do próximo ano, em uma perspectiva mais positiva", prosseguiu.

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Teixeira nota que a Anatel já indicou ao MCTIC a possibilidade de postergação: em sua visão, tal decisão também seria benéfica no sentido de dar mais tempo para a resolução de temas "ainda não equacionados" na formatação do certame.

Maturidade

Durante o evento, o CEO da Claro afirmou ser um grande entusiasta do 5G, mas também argumentou que ainda não há maturidade tecnológica suficiente no Brasil para a tecnologia.

"A maturidade é fundamental. Se [fornecedores] me oferecem equipamentos 5G, eu digo que compro, mas pelo preço do 4G. Não adianta colocar tecnologia nova, que impõe custo maior, sem essa maturidade", afirmou Teixeira, destacando a perspectiva de lançamento de aparelhos móveis adequados ao padrão.

"Na China já há uma venda expressiva de aparelhos, o que vai trazer uma escala maior e uma perspectiva de preços mais adequada para o mercado brasileiro. Não adianta ter a rede 5G se não temos aparelhos com preços que as pessoas possam comprar, pois a tecnologia é associada com o que as pessoas demandam".

Como exemplo, o executivo citou o cenário enfrentado no lançamento do LTE Advanced (4,5G), em 2017: na ocasião, os primeiros aparelhos com o padrão só chegaram ao Brasil entre cinco e seis meses após o movimento da operadora. Mesmo hoje, o percentual da base da empresa com handsets compatíveis rondaria os 20%, ou uma "escala ainda pequena para o que a tecnologia possibilita", na avaliação de Teixeira. "O 5G vai ser uma revolução, mas pressupõe uma demanda firme", completou o CEO.

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