Funcef e Petros optaram por permanecer na BrOi, e investirão para isso

Os fundos de pensão Funcef (dos funcionários da Caixa Econômica Federal) e Petros (funcionários da Petrobrás) fizeram questão de participar da futura estrutura societária da BrOi, e estão fazendo novos investimentos na nova empresa para que isso aconteça. Em entrevista exclusiva concedida a este noticiário, os presidentes dos dois fundos, Guilherme Lacerda (Funcef) e Wagner Pinheiro (Petros) dizem que a situação das fundações, com a BrOi, é melhor do que a situação que se criou depois da privatização da Telebrás. "Em 1998, colocaram os fundos para financiar duas empresas sem nos dar nenhum poder de controle ou decisão", diz Wagner Pinheiro, lembrando que a legislação, inclusive, proibia a presença dos fundos nas duas empresas, e que as cadeias societárias que foram montadas eram tão complexas que sequer dividendos eram distribuídos. Pinheiro atribui a situação a erros das gestões anteriores. "Para nós, teria valido muito mais a pena pegar tudo o que investimos na privatização e comprado ações em bolsa".

Opção por ficar

No entanto, tanto a Funcef quanto a Petros poderiam ter optado por sair do setor de telecomunicações agora. "Quando a proposta de reestruturação chegou, a gente estava fora, mas fizemos questão de participar, porque achamos que agora vale a pena. Brigamos para manter, cada um dos fundos, com 10% de participação, poder de controlador e direitos garantidos pelo acordo de acionista", explica Guilherme Lacerda. "Em resumo, pegamos dois limões estragados e azedos e fizemos uma limonada", comemora o presidente da Funcef.

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Essa vontade de participar da BrOi não sairá de graça para os dois fundos. Para terem uma participação de 10% cada um na futura estrutura da Oi, Funcef e Petros terão que investir, após vários processos de oferta pública de ações, cerca de R$ 280 milhões e R$ 450 milhões adicionais, respectivamente. Ou seja, os dois fundos ajudarão a capitalizar a reestruturação societária da Oi e a compra da Brasil Telecom. "Para nós, esse é um investimento que agora valerá a pena, ao contrário do investimento que tivemos que fazer depois da privatização", diz Pinheiro. Eles apostam que a BrOi terá um potencial de crescimento maior do que o das duas teles.
Sem falar explicitamente sobre o acordo com o Opportunity, até porque ele envolve termos de não agressão, tanto Pinheiro quanto Lacerda mostram certo constrangimento por terem tido que acertar o fim dos processos judiciais com Daniel Dantas. "Nós não somos a Justiça nem a polícia. O que podíamos levar às autoridades nós levamos, e até hoje não existe uma decisão judicial que nos respalde", disse Lacerda. "Para os fundos era importante acabar logo com as disputas judiciais, que estavam impedindo uma resolução do problema", diz o presidente da Funcef. O Opportunity receberá, após a reestruturação da Oi e compra da Brasil Telecom, cerca de R$ 1,5 bilhão pelas suas ações.
Lacerda lembra que, mesmo assim, a disputa com o Opportunity ao longo dos anos permitiu resolver questões complicadas, como era o caso da Telecom Italia. "Se não tivéssemos feito o acordo com o Citibank, nunca teríamos conseguido comprar a participação dos italianos, o que simplificou a cadeia societária e permitiu a venda", diz, lembrando que as ações da Telecom Italia foram compradas por cerca de US$ 550 milhões pelos fundos e valem, no acordo com a Oi, cerca de US$ 1 bilhão.

Pulverização

Questionados sobre as razões que levaram a Brasil Telecom a optar pela venda de controle em detrimento de uma pulverização das ações, os presidentes da Funcef e da Petros alegam que essa opção traria um risco de tomada hostil. "Na Brasil Telecom, não havia um equilíbrio estável entre os acionistas, como existe em empresas como a Vale ou Perdigão", diz Pinheiro. Segundo a interpretação dos fundos, como mais da metade do capital da BrT está hoje na mão de fundos internacionais, seria muito fácil a qualquer grupo estrangeiro, ou ao próprio Opportunity, adquirir em bolsa o controle da empresa. "Se a empresa fosse pulverizada, os fundos teriam menos de 18% do capital, o Opportunity teria 9%, o Citi teria 18% e o resto estaria nas mãos de fundos diversos", explica Pinheiro. Nas análises dos fundos, a opção pela pulverização da Brasil Telecom renderia cerca de R$ 4,2 bilhões para os controladores. Com a venda para a Telemar, o valor pago será de quase R$ 5 bilhões.

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