Novas operadoras 5G descartam Open RAN em primeiras ativações; compra conjunta está no radar

Foto: Pexels

Em processo de escolha de fornecedores, as operadoras entrantes no mercado móvel após o leilão do 5G não devem apostar tão cedo no padrão Open RAN, que propõe o uso de múltiplos vendors para a construção das redes.

Durante o primeiro dia do Fórum de Operadoras Inovadoras (promovido por TELETIME e Mobile Time e iniciado nesta terça-feira, 5), o CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, abordou o tema. "Vamos ser mais conservadores e partir para uma solução tradicional. Não vamos fazer experiências com 5G agora. Acreditamos que o Open RAN só vai estar maduro em dois anos ou mais", sinalizou o executivo.

"Não podemos colocar outro elemento novo nesse momento", prosseguiu Nogueira, lembrando que a própria entrada no mercado móvel e a adoção do 5G já são vistas como apostas. Ainda que a operadora tenha grupo de trabalho testando o Open RAN, a alternativa é considerada apenas para o futuro.

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"Há um custo elevado para quem está fazendo pilotos em 2022. Não tem escala e os componentes subiram de preço, então é uma conta muito desafiadora. Não temos direito de errar com uma rede inferior no 5G: temos que entrar com uma rede robusta. Mas vamos fazer quando estivermos maduros no móvel", afirmou o CEO da Brisanet – que detém licenças 5G para o Nordeste e Centro-Oeste.

No momento, a operadora está no processo final de aquisição de rádios, core de rede e sistemas de suporte (BSS) como billing para os primeiros projetos pilotos 5G. Um mesmo fornecedor para rádio e core deve ser selecionado, enquanto o BSS será provavelmente fornecido por outro vendor. Futuramente, um segundo parceiro para a parte de acesso e núcleo também deverá ser escolhido.

Ligga e Cloud2U

Empresa que detém licenças regionais de 3,5 GHz em São Paulo, Paraná e na região Norte, a Ligga (que reúne Sercomtel e a antiga Copel Telecom) também não deve incorporar o Open RAN tão cedo, de acordo com o diretor de novos negócios do grupo, Lucas Aliberti.

"Também vamos começar de forma conservadora, com soluções já testadas antes de nos aventurarmos no Open RAN. Falamos com cinco vendors para um modelo do core até acesso, incluindo BSS. Parece que uma solução fim a fim pode ser melhor e estamos otimistas", sinalizou o executivo.

Na Cloud2U (integrante do Grupo Greatek que adquiriu espectro na região Sudeste, exceto SP), conversas com os três principais fornecedores de equipamentos e alguns concorrentes já foram travadas, com possível definição no segundo semestre, de acordo com o o gerente de novos negócios da entrante, Anderson Ferreira.

"Essa escolha é como um casamento. Não dá para fazer muito 'Frankenstein' na móvel 5G e temos que achar um par o mais adequado possível", argumentou Ferreira, durante o Fórum de Operadoras Inovadoras. No caso do Open RAN, a incerteza sobre como operar seria um dos desafios.

Compra conjunta possível

Já a Unifique (que vai operar 5G em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul) afirmou que definições sobre fornecedoras ainda não foram tomadas. Diretor de mercado da empresa, Jair Francisco apontou que as conversas têm sido desafiadoras mesmo junto aos vendors consolidados.

"As grandes fornecedoras clássicas nunca negociaram com empresas pequenas, mas vamos encontrar solução para que custos sejam equalizados, e há um esforço deles neste sentido também. Sempre tivemos limitação de recursos e não podemos errar", afirmou o executivo.

Durante o evento, a possibilidade de compra conjunta entre os provedores regionais entrantes do 5G também foi posta na mesa: os players presentes reconheceram que a possibilidade tem sido discutida, mas a Unifique apontou que questões como a viabilidade de um core regionalizado seriam desafios. A Brisanet, por sua vez, mostrou interesse em seguir este caminho assim que superada a fase de pilotos.

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