[Atualizada em 08/04] Parceira do programa Telecom Infra Project, capitaneado pelo Facebook e com participação de operadoras como Telefónica, a canadense Clear Blue Technologies pretende expandir os negócios na América do Sul, com atenção em particular para o Brasil. A companhia baseada em Toronto fornece soluções para fornecimento de energia para empresas de telecomunicações, especialmente em regiões onde o acesso à infraestrutura é deficiente. A plataforma utiliza tecnologia chamada de "Smart Off-Grid", levando eletricidade de fontes renováveis a antenas de rede móvel em comunidades remotas. A intenção é endereçar a necessidade cada vez maior de aumentar a densidade de sites, especialmente com a chegada do 5G, o que deverá provocar aumento pela demanda por energia.
Para a expansão na América Latina e África, a companhia está levantando capital. No final de março, a companhia recebeu um financiamento de 1 milhão de dólares canadenses (equivalente a US$ 750 mil), destinados a desenvolvimento de produto e expansão de mercado. Pouco antes disso, a Clear Blue completou com sucesso um aumento de capital no valor de 2,67 milhões de dólares canadenses (US$ 1,99 milhão). Segundo a empresa, com o Telecom Infra Project e sua tecnologia Smart Off-Grid, a ideia é de atender 500 comunidades globalmente em um mercado com potencial de US$ 38 bilhões.
A CEO e cofundadora da Clear Blue Technologies, Miriam Tuerk, explicou a este noticiário que a companhia já utiliza micro-ondas para abastecer antenas da Telefónica no lado peruano da Amazônia. O projeto piloto é parte de uma iniciativa maior do grupo espanhol em uma joint-venture com o Facebook (com 56% e 46% de participação, respectivamente), chamada de Internet para Todos (obviamente, sem relação com o programa de universalização do governo brasileiro). "Eles têm planos para levar banda larga sem fio para 100 milhões de pessoas na América do Sul", diz. "A Telefónica quer expandir o programa para toda a região, e sei que o Brasil é chave para a empresa, mas não sei qual é o planejamento."
Segundo a executiva, há um grande interesse da própria Clear Blue em explorar o mercado brasileiro. "Queremos muito trabalhar no Brasil, é um país com uma economia grande. Mas precisamos ter parceiros no chão e relacionamento, é difícil fazer negócios sem isso", afirma. Por enquanto, a empresa não conta com parceiros locais, mas diz que está aberta a contatos. A companhia sempre trabalha com esse modelo, buscando terceirizar para a produção local do que for possível, evitando custos com transporte de equipamentos. "Queremos ter presença maior na América do Sul nos próximos dois anos, e o Brasil é parte disso."
Visão de negócios
Tuerk diz que o Telecom Infra Project identificou em pesquisa de mercado que, ao usar soluções de Smart Off-Grid, há uma economia significativa no custo de operação de telecomunicações. "De 20% a 30% do orçamento de uma operadora vai para o consumo de energia. Isso quando se está em uma cidade grande, com energia amplamente disponível. Em locais distantes, o número pode crescer", declara. Ao buscar uma empresa que se dedicasse a uma solução com fontes renováveis, mas com capacidade suficiente para abastecer as necessidades das teles, o Telecom Infra Project acabou achando a Clear Blue.
"Quase tudo que fazemos é com energia renovável, como solar. Mas não usamos porque é 'verde', mas porque se tem uma hidrelétrica, ou usina nucelar ou de carvão, precisa ter uma grande estação geradora. Com base solar, basta um painel com [células fotovoltaicas] de 5 cm²", afirma Tuerk. A executiva explica que não é necessário uma grande fazenda solar com milhares de painéis, uma vez que a estrutura pode ser instalada ao lado da antena, gerando economia na distribuição. "O Telecom Infra Project foca em energia renovável porque, de uma perspectiva de negócios, é mais efetivo no custo." Mas, obviamente, não deixa de haver lado positivo também por não ser poluente e nem usar fontes não renováveis.
Eu gostaria de fazer 2 comentários:
1) No primeiro parágrafo está escrito "…levando eletricidade sem fio de fontes renováveis a antenas…". Hoje, NÃO há como levar "eletricidade sem fio" de uma fonte renovável até baterias e equipamentos de telecomunicações!
2) No último parágrafo está escrito "…precisa ter uma grande estação geradora. Com base solar, basta um painel com [células fotovoltaicas] de 5 cm²…". Este pode ser o tamanho de uma célula, mas um painel para alimentar equipamentos precisa de muitas células, ocupando área bem maior que 5 cm².
Luiz, você tem razão em relação ao primeiro parágrafo. Vou corrigir. No segundo item, eu coloquei a ressalva entre colchetes justamente para esclarecer que a executiva não estava falando do tamanho do painel inteiro.