A operadora de Internet via satélites Eutelsat pode substituir serviços de satélites de baixa órbita hoje prestados pela Starlink na Ucrânia, com apoio de demais países da Europa.
De acordo com a agência Reuters, a companhia iniciou negociações com a União Europeia (UE) para aumentar a disponibilidade dos serviços de banda larga no país em guerra com a Rússia. A informação ocorre em um momento de escalada das tensões entre o presidente dos Estados Unidos (EUA) Donald Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy.
No cenário, líderes norte-americanos vêm pressionando Kiev pelo acesso aos minerais raros da Ucrânia em troca de ajuda militar – incluindo o fornecimento dos serviços da Starlink, segundo a imprensa estrangeira. No último dia 28 de fevereiro, a Casa Branca confirmou que os EUA e o país do Leste Europeu não assinaram o tal acordo, estimado em U$ 500 bilhões.
Três fontes ligadas à Reuters teriam informado sobre a possibilidade de cortar o acesso ao serviço da Starlink na Ucrânia caso esse acordo de minerais não avançasse. No X, (ex-Twitter), Elon Musk chegou a negar a possibilidade, dizendo que o veículo estava "mentindo".
Ainda assim, a expectativa em torno dos satélites OneWeb potencialmente substituindo os da Starlink na Ucrânia mexeu com os números da Eutelsat. As ações da empresa subiram mais de 500% apenas esta semana, adicionando mais de US$ 3 bilhões em capitalização de mercado.
Atualmente, a Eutelsat conta com uma frota de 35 satélites geoestacionários, além de algumas centenas de baixa órbita (LEO) da OneWeb. Na prática, essa constelação é menor que a de Elon Musk, mas a companhia ainda consegue fornecer serviço com qualidade similar ao da Starlink – ao menos na Europa.
Os serviços de satélites da Starlink são considerados importantes para a defesa da Ucrânia contra a Rússia. A constelação de Musk é inclusive usada em operações militares no país governado por Zelenskyy.
Soberania
Não é de hoje que o domínio da Starlink no mercado satelital incomoda líderes de nações no globo – especialmente por questões envolvendo soberania dos países.
A União Europeia, por exemplo, anunciou no final do ano passado o projeto IRIS² para criar uma constelação de satélites multi-orbitais, com foco na construção de 290 modelos via consórcio para acesso à Internet de alta velocidade para empresas e pessoas.