Brasil tem de procurar flexibilização, mas sem correr para leilão de 5G

O novo presidente da Anatel, Leonardo Euler de Morais, já sinalizou para a possibilidade de um leilão da faixa de 3,5 GHz em 2019, mas a quantidade de variáveis no mercado brasileiro poderá definir um cenário diferente para a futura tecnologia 5G. Conforme entende o diretor da GSMA para o Brasil, Amadeu Castro, o caminho deveria ser o de proporcionar flexibilidade para que o próprio mercado vá se ajustando, sem necessariamente correr para a realização do certame. Assim, ele entende que o lançamento da quinta geração não deverá ser tão logo quanto nos mercados desenvolvidos. "O mais breve é 2020, porque não há tempo de terminar os estudos de interferência [com a banda C satelital na recepção das TVROs] para poder ter segurança na hora de licitar o espectro", declarou ele a este noticiário. O executivo participa da conferência Mobile 360 Series – Latin America, que acontece nesta semana em Buenos Aires.

Ele cita o desenho da distribuição da capacidade disponível de 200 MHz nesse espectro como algo ainda não definido – há possibilidades de divisão que precisariam considerar uma eventual mudança com a consolidação do mercado brasileiro. "O cenário aponta globalmente para três ou quatro operadoras, uma de nicho ou de IoT, por exemplo", declara ele. Ou seja: uma partilha de 100 MHz para duas operadoras, ou de 50 MHz para quatro, ou de 40 MHz para cinco, poderia acabar sendo desconfigurado em um cenário de fusão.

Há também a consideração de outras faixas, como a de 2,3 GHz, na forma de suplemento de downlink. Nesse caso, contudo, há a questão da falta disponibilidade de equipamentos, e existem dúvidas de como construir a configuração da oferta do espectro combinado com o de 3,5 GHz. "Por isso nossa percepção é que não dá para fechar o leilão em 2019 com todas essas variáveis, incluindo número de operadoras e regras de convivências", avalia. Ele entende, contudo, que a ideia da Anatel de realizar um certame combinando essas diversas faixas (além das sobras de 700 MHz) pode ser uma oportunidade de atender a todos no mercado, ainda que alguns possam não conseguir a quantidade ou as frequências desejadas.

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Castro reitera que a posição da GSMA não é a de postergar o leilão de 5G, mas de permitir maior dinamismo para as empresas. "É o caminho que nós advogamos – dar flexibilidade ao mercado. O cap de espectro com percentual é um sinal disso", declara, citando recente resolução da Anatel que permitiu aumentar o limite de espectro.

* O jornalista viajou a Buenos Aires a convite da GSMA.

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