Abinee espera nomes fortes para MCTI e Minicom em 2015

Para a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a indicação de Armando Monteiro Neto como novo ministro do Desenvolvimento foi positiva, mas os próximos nomes para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Ministério das Comunicações precisam ser fortes para argumentar com outras pastas e, sobretudo, ter equipes técnicas com conhecimento de causa. Há uma expectativa positiva, mas também há bastante espaço para insatisfação com as políticas atuais do governo.

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"Acho que o atual ministro Paulo Bernardo fez excelente trabalho, talvez tenha sido o melhor em muitos anos. Mas o mais importante que um nome é que sua equipe seja mantida, que os nomes sejam do mesmo calibre que temos hoje, pelo menos", declara o diretor de telecomunicações da Abinee, Paulo Castelo Branco. A ideia é que continue havendo um diálogo entre o setor e o ministério, mantendo o corpo técnico.

"A gente precisa de pessoas mais conhecedoras de setores, que tenham experiência do setor industrial, com gabarito técnico. Acho que, até hoje, assistimos a muitos políticos sendo colocados nessas posições, e acabamos na história de ter muita gente mandando e pouca gente fazendo, às vezes porque não sabe o que fazer", analisa o diretor da área de informática da Abinee, Antonio Hugo Valério. Ele ressalta também a importância de que um novo ministro do MCTI tenha diálogo forte com a Fazenda, Planejamento e com o BNDES para poder ter justificativas para as políticas de incentivos fiscais e projetos. Valério afirma estar satisfeito com o secretário de políticas de informática do MCTI, Virgílio Almeida: "Ele tem sido uma pessoa de bastante diálogo, é pesquisador e conhece, é uma pessoa de diálogo fácil e entende nossas questões".

Vendendo para pobre

Além de novos ministros, o novo mandato da presidenta Dilma Rousseff deveria voltar a procurar o mercado externo, na opinião dos diretores da Abinee. O presidente da entidade, Humberto Barbato, reclama: "De 12 anos para cá, não fizemos praticamente nenhum acordo internacional, não fizemos absolutamente nada para expandir. Nossa opção é (a América do) Sul, é vender para pobre, não é para entrar em mercados com poder aquisitivo."

Ele ressalta que é necessário manter a política de crédito do BNDES para ajudar a indústria, consertando "as políticas que forem equivocadas, separando o que deu certo". "Não pode ter recurso demais (concentrados) em algumas empresas, isso é um absurdo porque alguns poucos recebem muito e muita gente não recebe nada". Perguntado sobre a possibilidade de o Finep virar banco, ele disse estar "preocupado com essa história de mudar a configuração burocrática". Ele acredita não ser necessário, já que o BNDES poderia resolver o problema. "Tenho medo dessa superestrutura – já temos 39 ministérios, é muita gente mandando, quero mais gente fazendo".

Outra solução seria mudar o câmbio para favorecer a balança comercial. O presidente da Abinee diz que a resposta varia, mas "poderia chegar a números de R$ 3,40 ou R$ 3,50". "Em função da produtividade que a indústria brasileira ganhou ao longo dos anos, mesmo com perdas de salários, estamos ao redor de R$ 3 ou R$ 3,10, que seria relativamente próximo à realidade da indústria", explica. Ele diz que agora é preciso fazer uma "limpeza necessária", e que se não houver essa compensação para a indústria, isso pode gerar dividendos em curto prazo. "Alguém vai pagar, alguém sempre paga a conta".

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