Uma dos pilares do investimento de R$ 3,3 bilhões previstos especificamente para infraestrutura (que corresponde a 90% de todo o investimento da empresa) em 2014 da TIM é a implantação das redes heterogêneas (HetNets). E segundo o presidente da operadora, Rodrigo Abreu, a estratégia de HetNets da TIM não foi mudada por conta da regulação das femtocells. Em conversa com jornalistas em São Paulo nesta quarta-feira, 4, ele disse que acredita que se trata apenas do "início da discussão", e que o debate se estenderá também para as small cells metropolitanas em geral.
O projeto de redes heterogêneas será importante também para a cobertura em estádios para a Copa do Mundo, mas o executivo reclama que a regulamentação da Anatel restringe a desoneração do Fistel às células com potência de até 1 W, limitando as aplicações para cobertura indoor em residências e escritórios, mas não para o atendimento para concentração de público. "Gostaríamos de mais flexibilidade para atender às demandas, e o uso de small cells é uma delas", disse.
Para Abreu, a agência deveria instituir a desoneração também para as aplicações outdoor no atendimento a regiões com alta densidade. "Tem que liberar de 1 W a 5 W, ou ao redor de 2 W a 5 W. Essas antenas estão pagando o mesmo Fistel de uma antena de 80 W", compara. Na conta da TIM, para atingir a mesma cobertura de uma macrocélula, é preciso de dez a 15 small cells. Assim, sem a desoneração da taxa de fiscalização, fica inviável a implantação da infraestrutura.
Mas o executivo garante que isso não altera os planos de investimentos em HetNets em 2014. "Até porque nós achamos que essa especificação (da potência de 1 W) vai evoluir, foi só um primeiro passo, ainda tem outros na sequência. A HetNet é um caminho inexorável no setor", espera. Nesta semana, a empresa deu o primeiro passo: uma parceria para implantação de redes auto-organizáveis (SON, na sigla em inglês) com a Cisco e a Celcite, que já fomentam a estrutura para as redes heterogêneas.
4G
Ainda falando de novas tecnologias, Abreu voltou a afirmar que o leilão da faixa de 700 MHz está sendo discutido diretamente com a Anatel. Ele explica que o custo de limpeza de faixa pode ser maior do que o próprio custo do espectro, e que, por isso, a limpeza deveria ser pré-definida e regulada. Outro ponto são as obrigações ainda indefinidas que serão colocadas no edital. "São muitas variáveis que precisam ser definidas para as empresas poderem calcular (o investimento)".
Ele reconhece a vantagem do dividendo digital para atingir uma maior cobertura e diz que o governo está empenhado para poder difundir o LTE. A definição de blocos de 5 MHz + 5 MHz, com limite de 10 MHz + 10 MHz, também é vista de maneira positiva. "Se tivesse numero muito menor de blocos, obviamente custo tende a aumentar. Com mais blocos, evita concentração exagerada de espectro", explica.
Na faixa de 2,5 GHz, o desempenho da TIM tem agradado Abreu. Segundo ele, o avanço da base da operadora no ano ficou dentro da expectativa, "até um pouco melhor". A empresa hoje é a segunda maior do País em 4G (atrás da Vivo, que tem 40,14%), contabilizando 208 mil acessos LTE, ou 28,48% do mercado brasileiro. Ele critica a divulgação do aumento da cobertura das outras teles, justificando que prioriza a cobertura da população, e não o número de municípios atingidos. "Para nós, não é uma corrida pelo número de cidades", diz.