Com FTTH e pós-pago, Vivo avança nas receitas no terceiro trimestre

Com a estratégia de valorizar a fibra e, especialmente, o pós-pago no segmento móvel, em detrimento aos segmentos menos rentáveis como cobre, o DTH e o pré-pago, a Telefônica/Vivo encerrou setembro com o maior aumento nas receitas em três anos, segundo balanço financeiro do terceiro trimestre divulgado pelo grupo nesta segunda-feira, 4. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) subiu ao desconsiderar efeitos não recorrentes, mas o lucro líquido caiu no período.

A receita operacional líquida no trimestre foi de R$ 11,047 bilhões, um crescimento de 2,6% ao ano – segundo a própria empresa, o melhor avanço desde 2017 foi fruto do desempenho no pós-pago, terminais e fibra. No acumulado dos nove meses do ano, foi de R$ 32,891 bilhões, aumento de 1,6%. 

O segmento móvel foi basicamente o responsável pelo aumento, com R$ 7,161 bilhões de receita líquida, 6,6% a mais do que no mesmo trimestre do ano anterior. No acumulado, foi de R$ 21,214 bilhões, crescimento de 4,5%. A receita de dados e serviços digitais, que inclui os serviços de valor adicionado (SVAs), é boa parte desse montante: foram R$ 5,211 bilhões no trimestre (4,6% acima) e R$ 15,754 bilhões nos nove meses (2,1% de crescimento). Por conta do desempenho no B2B, até mesmo a receita de voz cresceu no trimestre: 1,2%, total de R$ 1,304 bilhão, apesar da queda de 12,6% no acumulado, total de R$ 3,578 bilhões.

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Ainda no recorte do negócio móvel, a receita líquida de aparelhos foi de R$ 645 milhões, acréscimo de 31,5%, e de R$ 1,874 bilhão, avanço de 38,4%, respectivamente no trimestre e nos nove meses. A empresa diz que isso está "alinhado à estratégia de ganhar representatividade neste mercado relevante e em expansão", e que isso atrai consumidores para lojas físicas e virtual.

Por outro lado, o negócio fixo registrou queda nas receitas líquidas. No trimestre foi de 3.9% (R$ 3,886 bilhões), e de janeiro a setembro foi de 3,3% (R$ 11,677 bilhões). A banda larga fixa aumentou a receita em 7,5% no trimestre (R$ 1,432 bilhão) e em 10,7% no acumulado (R$ 4,210 bilhões). Considerando somente a fibra até a residência (FTTH), o cenário muda: o avanço foi de 44,5%, total de R$ 531 milhões no trimestre, enquanto no acumulado o crescimento foi de 49,4%, total de R$ 1,449 bilhão, justificados pela adição de 12 novas cidades no terceiro trimestre (e 33 ao todo neste ano, totalizando 154 cidades no País). Na TV por assinatura, o IPTV teve aumento de 26,1% (R$ 227 milhões) e 36,3% (total de R$ 643 milhões) no trimestre e nos nove meses, respectivamente. 

O EBITDA caiu 15,1% e totalizou R$ 4,060 bilhões no trimestre, enquanto no acumulado do ano a redução foi de 14,7%, total de R$ 11,753 bilhões. A margem EBITDA caiu 7,7 pontos percentuais e ficou em 36,7% entre julho e setembro; e 6,8 p.p. entre janeiro e setembro, com 35,7%. 

Contudo, o resultado é diferente desconsiderando efeitos não recorrentes, como despesas fiscais, venda de data centers e, especialmente, o efeito positivo de cerca de R$ 3,211 bilhões entre o segundo e o terceiro trimestre de 2018 em função do trânsito em julgado do Superior Tribunal de Justiça a favor da companhia para a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins. Assim, o EBITDA recorrente ficou em R$ 3,995 bilhões no trimestre, aumento de 2,8%; e de R$ 11,689 bilhões nos três trimestres, avanço de 2,2%. A margem fica em 36,2% (aumento de 0,1 p.p.) e 35,5% (0,2 p.p.), respectivamente.

O lucro líquido da companhia sofreu uma queda de 67,1% no trimestre, somando R$ 1,046 bilhão. Já no acumulado, o recuo foi de 47%, total de R$ 3,944 bilhões. A empresa diz que o recuo foi em decorrência dos efeitos não recorrentes, além de maior pagamento de impostos e menor declaração de juros sobre capital próprio (JSCP) no período.

A Telefônica investiu R$ 2,432 bilhões no trimestre, 1,6% a mais do que em 2018. No acumulado dos nove meses de 2019, o aumento foi de 6,7% no comparativo anual, totalizando R$ 6,487 bilhões. Boa parte do Capex é direcionado à rede (R$ 1,978 bilhão no trimestre e R$ 5,497 bilhões no acumulado), concentrado na expansão da cobertura e adoção das tecnologias FTTH na fixa e 4G/4,5G na móvel. O fluxo de caixa operacional (EBITDA – investimentos) foi de R$ 1,564 bilhão (aumento de 4,8%) e de R$ 5,202 bilhões (queda de 2,8%). 

Ao excluir o efeito da norma contábil IFRS 16, a empresa reverteu a dívida líquida e, em 30 de setembro, registrou caixa líquido de era de R$ 251 milhões. Considerando o impacto do IFRS 16, a dívida líquida atingiu R$ 8,653 bilhões.

Operacional 

A Vivo encerrou setembro com um total de 73,833 milhões de acessos, um recuo de 0,8% comparado ao mesmo período do ano passado. Desses, 42,300 milhões eram de pós-pago, um avanço de 7,3%; e dos quais 9,479 milhões eram de acessos máquina-a-máquina (M2M), que aumentou 24,1%. Desconsiderando esse tipo de conexão, a companhia tinha no nono mês um total de 32,821 milhões de chips pós-pagos de usuários finais – ou seja, ainda assim, maior do que a base pré-paga, que encerrou o período com 31,534 milhões de conexões, recuo de 9,9%. 

A receita média por usuário (ARPU) mensal foi de de R$ 29,4, avanço de 6,4%. No acumulado do ano, foi de R4 29,3, aumento de 4,1%. Considerando o pós-pago apenas, foi de R$ 52,4 (aumento de 2,6%) no trimestre. No pré, foi de R$ 12,7, crescimento de 10%. O churn mensal foi de 3,4%, recuo de 0,2 p.p., sendo que no pós-pago (sem M2M) foi de 1,8%, estável em relação a 2018. No pré, foi de 5,4%, recuo de 0,2 pontos percentuais.

No negócio fixo, a Vivo totalizou 19,888 milhões de acessos, recuo de 10,8%. A banda larga fixa teve 7,120 milhões de contratos, redução de 4,7%. Mas a fibra até a residência avançou 34%, encerrando setembro com 2,332 milhões de acessos. A questão foram as outras tecnologias (cobre), que caíram 16,5% e ainda são a maioria da base da empresa, com 4,788 milhões de contratos. O ARPU da banda larga fixa é de R$ 66,3 no trimestre, aumento de 11,6%. 

A TV por assinatura continua em queda franca: 13,6%, totalizando 1,383 milhão de contratos. O recuo, acentuado pela decisão estratégica de descontinuar as vendas na tecnologia por satélite (DTH), só não foi maior porque o IPTV cresceu 27%, somando 681 mil acessos. Em breve, a tecnologia baseada na fibra vai ultrapassar as legadas, que somaram 702 mil contratos, recuo de 34,1%. O segmento da TV paga tem ARPU de R$ 105,7, crescimento de 4,3%.

Os acessos de telefonia fixa ainda somam 11,385 milhões na Telefônica, recuo de 13,8%. O ARPU na voz caiu 7,7% e ficou em R$ 35,2.

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