Redes privativas e APIs: as apostas da Ericsson para crescer no Brasil

Rodrigo Dienstmann, presidente da Ericsson Latam South

A Ericsson aposta na sua nova plataforma global de APIs de rede em parceria com operadoras de todo o mundo e no avanço na vertical de redes privativas para ampliar os negócios no Brasil. 

No caso das redes privativas, a companhia sueca vai utilizar a estrutura herdada da Cradlepoint. Adquirida pela Ericsson em 2020 por cerca de US$ 1 bilhão, a Cradlepoint passará a se posicionar no mercado sob o nome de Ericsson Wireless Solutions e vai oferecer suas soluções à indústria em uma espécie de modelo B2B2B, por meio das operadoras ou integradores locais. A previsão é que a empresa aterrisse no mercado brasileiro em 2025.

O presidente da Ericsson para o Sul da América Latina, Rodrigo Dienstmann, explica que a nova divisão terá foco no mercado empresarial, com milhares de clientes e tickets médios considerados mais baixos. É diferente da linha de negócios tradicional da Ericsson, em que os contratos giram na casa dos milhões de dólares para grandes teles, por exemplo.

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"Nós estamos trabalhando com os clientes empresariais para que eles entendam os benefícios da tecnologia, que não é só cobrir uma fábrica com 5G, mas aumentar a produtividade", afirmou Dienstmann nesta quinta-feira, 3, em evento em São Paulo (SP) que celebrou os 100 anos da empresa sueca no País.

Antes do M&A junto a Ericsson, a Cradlepoint era focada em conectar dispositivos de Internet das Coisas (IoT) e oferece soluções Wireless WAN Edge 4G e 5G para o mercado empresarial. Com a aquisição, a sueca aumentou o portfólio, que inclui, agora, redes privativas e segurança.

APIs globais

Em uma nova frente, a Ericsson anunciou em setembro, uma plataforma de APIs para permitir que desenvolvedores possam criar suas próprias aplicações baseadas em padrões abertos.

Participam com equity do negócio 12 teles globais, a exemplo de Telefónica (dona da Vivo), América Móvil (dona da Claro), T-Mobile, Verizon e Vodafone, além de parcerias com Google Cloud e Vonage.

No Brasil, a empresa está perto de fechar contrato com duas grandes operadoras. Outros players podem integrar a iniciativa sem que haja participação via equity, diz Dienstmann. Na mira, estão hyperscalers como Google e AWS, provedores de serviços de telecom, integradores e fornecedores independentes de software (ISVs). 

De acordo com Niklas Heuveldop, CEO da Vonage, a plataforma vai trabalhar no atacado, permitindo que as empresas possam usar a infraestrutura para criar soluções e comercializá-las junto a desenvolvedores e clientes empresariais. Para ganhar escala, o modelo de negócio prevê uma margem pequena cobrada dos usuários – a Ericsson visa uma receita maior com a entrega a uma grande quantidade de parceiros. 

"Esperamos que a receita seja grande, mas a margem de lucro deve ser pequena. Achamos que isso é um bom caminho para sermos competitivos em preço, já que não é algo exclusivo no mercado. Para que essa entidade seja competitiva, precisamos primeiro alcançar a escala", disse Heuveldop, em conversa com jornalistas.

O executivo explica que a Ericsson e as operadoras envolvidas na joint venture alocaram funding suficiente até que o negócio atinja o breakeven e se torne autossustentável, não sendo necessários novos parceiros com capital – hoje, a Ericsson detém 50%, e as teles, os outros 50%. 

No entanto, ele evita fazer prognósticos sobre qual o prazo para que a plataforma passe a operar no azul. "Não devemos precisar de mais financiamento. Mas também precisamos alcançar o ponto de equilíbrio e começar a gerar lucro, para que não precisemos de mais dinheiro."

"Há muita incerteza sobre quão rápido chegaremos ao primeiro bilhão de dólares. Se o ponto de equilíbrio acontecer em dois, três ou quatro anos, não importa muito. Gostamos de acreditar que acontecerá mais rápido. Mas penso que precisamos ser um pouco pacientes. Isso é novo, nunca foi feito antes", finalizou Heuveldop.

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