A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) Global levantou preocupações em relação ao nível de alavancagem da Brisanet em relatório sobre as condições financeiras da operadora, embora tenha mantido o rating de emissor e de emissão em "brAA-". A perspectiva é estável, de acordo com o documento divulgado na noite desta quarta-feira, 4.
Segundo a S&P, a alavancagem – medida pelo índice de dívida bruta ajustada sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) – ficou em torno de 3,5x nos últimos trimestres, nível superior à estimativa da agência, de cerca de 2,8x para o fim de 2024.
A agência pondera que a operadora tem adotado um "expressivo plano de investimentos", sobretudo para acelerar a operação de telefonia móvel, e apresentado "um desempenho operacional consistente", com crescimento da base de assinantes de banda larga e ampliação das receitas.
A S&P recorda que, em março deste ano, a receita de Brisanet atingiu quase R$ 1,5 bilhão no acumulado de 12 meses, com margem Ebitda de 43,7%. A alavancagem ficou em 3,3x e o índice de cobertura de juros sobre Ebitda próximo a 3,5x. O lado positivo é que o custo médio da dívida está próximo a 80% do CDI, portanto, abaixo da média do setor.
Dívida
Na manutenção do rating, a agência ressaltou que parte das dívidas da Brisanet é composta por financiamentos subsidiados, o que ajuda a preservar a lucratividade na região em que atua. Além disso, apontou que a receita líquida deve alcançar R$ 1,7 bilhão em 2025 e R$ 2 bilhões em 2026, com margem Ebitda na casa de 43% a 44%.
Contudo, na avaliação da agência, o fluxo de caixa operacional livre (FOCF, na sigla em inglês) deve permanecer negativo pelos próximos dois anos, em função da maior necessidade de captação de dívida e da operadora ainda aguardar um retorno mais significativo da operação móvel.
"Esperamos que a empresa siga com forte geração de caixa operacional, porém ainda insuficiente para cobrir a totalidade dos investimentos previstos", diz o relatório.
"A perspectiva estável reflete nossa visão de que a Brisanet continuará expandindo suas operações e consolidando sua posição de liderança nos mercados em que atua, com gradual avanço da operação no segmento de telefonia móvel, além de manter margens crescentes e alavancagem inferior a 3,5x", explica a S&P.
Em relatório publicado no fim de abril, a S&P manteve a nota de crédito da Brisanet após avaliar a reorganização societária pela qual a empresa passou. Vale destacar que, também nesta quarta-feira, a operadora divulgou resultados do bookbuilding da sua quarta emissão de debêntures após consulta ao mercado, somando R$ 195 milhões, montante inferior ao das três distribuições de títulos de dívida anteriores.