Em cerca de dois anos de operação, a empresa de soluções de data center NextStream tem colhido bons resultados no território brasileiro e aposta no País como sua principal fonte de receitas na América Latina.
A companhia tem optado por um modelo de expansão sob demanda e acredita que, com uma legislação adequada, o Brasil pode se tornar um mercado alvo para data centers de todo o mundo.
A NexStream pertence à Actis, gestora britânica especializada em ativos de infraestrutura, e nasceu após o fundo adquirir, em março de 2023, data centers outrora detidos pela Telefônica. Atualmente, a empresa conta com 11 instalações na América Latina, sendo duas no Brasil – em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo, e Curitiba –, além de unidades no Chile, no México, no Peru e na Argentina.
As operações brasileiras representam "algo ente 30% a 40% das receitas" e, segundo o CRO da NextStream, Marco Kalil, são as que têm maior potencial de crescimento para a empresa. "Tratando especificamente de Brasil, temos facilidade de geração de energia, áreas e terrenos disponíveis para construir mais data centers", afirmou, em entrevista ao TELETIME.
Na atualidade, os dois data centers atendem às demandas de todo o Brasil, desde pequenos negócios de tecnologia a hyperscalers. A unidade localizada no bairro Tamboré, em Santana de Parnaíba, tem capacidade operacional de até 72 MW. Mais enxuto, o complexo de Curitiba opera com 0,7 MW e costuma ser direcionado para serviços realizados nos estados do Sul. A empresa avalia ampliar ambas as instalações.
"Temos projetos de expansão em avaliação. Conseguimos expandir em Tamboré, temos área, terreno e energia para fazer a expansão no próprio data center", destacou Kalil. "Em Curitiba, também temos essa possibilidade, pois estamos fazendo algumas consolidações de clientes e existem muitas empresas no Sul para as quais facilita a gestão por lá", completou.
De acordo com o executivo, a empresa não descarta construir data centers em outras localidades, mas, se optar por esse tipo de investimento, deverá ser no modelo "build to suit" – quando uma instalação é construída para atender à demanda de determinado cliente.
"Estamos analisando com alguns clientes a possibilidade de construir em uma área que não tenha um data center operando", sinalizou, sem indicar a possível localidade. "Mas acho que vai ser muito difícil construir um data center e deixá-lo [inativo] por um período até começar a usar", explicou.
Nesse sentido, Kalil comentou que a NextStream prefere optar por "projetos mais específicos, com uma utilização maior", em vez de erguer uma nova unidade e "esperar os clientes chegarem". Ou seja, caso a empresa edifique uma nova instalação, será com contratos de serviços já formalizados. "Vale muito mais a pena fazer projetos específicos para determinados clientes que já vão utilizá-lo", pontuou.
Regime especial
Kalil demonstrou otimismo com o Plano Nacional de Data Centers desenhado pelo governo federal, o qual inclui um regime especial para a instalação de complexos de dados no País.
"Vejo com bastante esperança. Acho que tem potencial de colocar o Brasil em uma posição de destaque mundialmente. Se conseguirmos fazer um negócio bem feito, podemos atrair investimentos para o País, pois outros lugares do mundo têm muita saturação", avaliou.
O diretor da NextStream ponderou que o eventual marco regulatório precisa dispor de segurança jurídica e fornecer previsibilidade econômica, a fim de não gerar surpresas aos potenciais investidores. "O Brasil pode se tornar um hub de data centers. Acho que caiu a ficha de que temos potencial para isso", comentou.