A TIM está confiante na manutenção da estrutura de fluxo de caixa para este ano. O pagamento das obrigações do 5G e de principal parcela pela Oi Móvel já estavam conforme o planejamento da operadora ao longo de 2021, e, por outro lado, a receita e o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBTIDA) cresceram no primeiro trimestre de 2022 e mantém desempenho estável nos últimos trimestres. Assim, a companhia anunciou nesta quarta-feira, 4, que vai aumentar o pagamento de dividendos para R$ 2 bilhões, praticamente o dobro do que a empresa vem praticando nos últimos quatro anos.
De acordo com a CFO e diretora de relação com investidores da empresa, Camille Faria, a expectativa é que na banda larga móvel não haja custos adicionais, nem desinvestimento de mais torres (além das já anunciadas) ou ativos que façam que os custos aumentem em relação ao EBTIDA e a margem diminua. "Pelo contrário. Ao trazer a Oi Móvel, tem R$ 600 milhões (em sinergias) e [custos] com torres 18 meses abaixo do EBITDA, um pouco mais de R$ 900 milhões ao ano", declarou a executiva no evento TIM Day, para investidores e imprensa, em São Paulo.
A ideia é conseguir reduzir significativamente os custos com a quantidade de sites desativados. Mas a previsão de aumento de contratos de aluguéis de infraestrutura da operação de celular não deve impactar tanto. "A gente não espera que na móvel haja redução de margem pós-leasing", afirma.
Na TIM Live, na qual a empresa está adotando a política de "leveza de ativos" (asset light approach), Faria diz que os custos do aluguel de infraestrutura da rede neutra da I-Systems (controlada pela IHS, mas na qual a TIM detém ainda 49% do capital social e é a cliente âncora) já são incorporados no nível do EBITDA. "Se o negócio de banda larga tiver participação na receita maior, claramente terá uma tendência de diluição de EBITDA. O fluxo de caixa operacional, EBITDA menos o Capex, porém será muito mais alto sobretudo quando pensa que está mais estável por ser asset light", declara. Assim, a tendência é haver um reequilíbrio nessas contas.
Fluxo de caixa operacional
Perguntada por TELETIME se o pagamento da parcela de R$ 6,3 bilhões pela Oi Móvel em abril (e mais R$ 0,6 bi até o final do ano) iria afetar o fluxo de caixa operacional, que já foi negativo neste trimestre, a executiva disse que esse e os próximos pagamentos do 5G já eram esperados, e que por isso a empresa já vinha se preparando. "O que temos em 2022 são alguns eventos pontuais. O pagamento da Oi e as contribuições para os fundos da EAF [Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz] e EACE [Entidade Administradora da Conectividade de Escolas – com recursos do 26 GHz] somam quase R$ 10 bilhões em pagamentos. Já estávamos preparados, pois em 2021 tínhamos posição de caixa de R$ 9 bilhões alto", explicou Camille Faria.
No fim das contas, a TIM obteve geração de caixa positiva (de 14,2%, totalizando R$ 795 milhões) no trimestre, inclusive pela possibilidade de retirar Capex na infraestrutura e transformar em Opex com a I-Systems. Vale lembrar que, além da Condecine e CRFP já pagos, a TIM ainda terá pela frente o pagamento de taxas de fiscalização (TFF), que seguem suspensas e totalizam R$ 1,6 bilhão.