O uso adequado de conteúdos de diversos formatos tem se tornado um elemento importante quando o assunto é educação conectada, até porque, a política de conectar escolas vem para permitir que estudantes e professores mudem seu olhar sobre o formato de ensino e se adequem aos novos desafios que formatos digitais exigem.
Isso envolve por exemplo, aprender a lidar com conteúdos audiovisuais, livros digitais e o uso adequado da Inteligência Artificial (IA). O tema foi discutido durante o Seminário de Educação Conectada, organizado pelo Teletime, nesta última quinta-feira, 3.
Catherine Rojas Merchan, Gerente de Estudos e Coalizões da Fundação Telefônica Vivo, destaca que a transformação digital da educação tem exigido novas competências, tanto de professores quanto de alunos em ferramentas e nas áreas de computação e matemática.
Para ela, é importante que o professor tenha capacidade e conhecimentos para acompanhar com mais qualidade essa transformação digital. "Nós temos um programa específico, que apoia algumas secretarias de educação, que é uma plataforma com inclusive inteligência artificial para ajudar o trabalho do professor com atividades para estudantes desenvolverem competências de tecnologia e também as competências em matemática", afirmou.
Ela aponta que além da formação do professor, um dos desafios para uma efetiva transformação digital nas escolas envolve a questão da infraestrutura de conectividade. "Com infraestrutura adequada, o ensino se potencializa e ganha outra dimensão", disse.
A competência da computação também é outro aspecto que merece ser encarado, afirmou a representante da Fundação Telefônica Vivo. "Precisamos dar aos estudantes a capacidade de programar o código e fazer bom uso da computação", afirmou durante o debate.
Flávio Rodrigues, gerente de Sustentabilidade e Responsabilidade Social da Claro, destacou que no quesito infraestrutura, a empresa tem feito boas parcerias e levado conectividade capaz que permite que tanto professores quanto alunos acessarem uma Internet de qualidade.
"A gente durante mais de 12 anos esteve em 64 municípios do Brasil levando conexão de alta velocidade, conteúdo e capacitação aos professores", disse o representante da Claro.
Segundo Rodrigues, agora a empresa tem a preocupação de levar conectividade para locais fora dos grandes centros. Os projetos são realizados em parcerias com as secretarias dos municípios e isso permite uma capacitação de professores com conteúdos de qualidade.
Vídeos
Já Clarissa Orberg, head de parcerias de conteúdo para educação, saúde e juventude do Youtube.Edu, disse que o uso de conteúdos audiovisuais tem se mostrado bastante eficaz no ensino feito com recursos digitais. Ela destaca que a plataforma Youtube.Edu contém mais de 1.300 filmes que podem ser usados pelos professores, em sala de aula.
"O YouTube.Edu é um canal do YouTube que tem curadoria da Unesco. Nele, a gente apresenta conteúdos, totalmente alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental 2 e o Ensino Médio.
"O grande benefício do YouTube é justamente tornar o ensino professor mais fácil, porque todo mundo sabe que o tempo do professor é muito variado e ele tem uma série de preocupações e atribuições. Então é muito difícil ele tentar usar a tecnologia e muitos usam o YouTube", afirmou.
Clarissa Orberg também disse que os vídeos estão organizados por ano letivo e por área de conhecimento e cada vídeo tá espelhado a um elemento da BNCC. "Há um menu de navegação com materiais complementares para o professor saber onde encontrar aquele vídeo para aquele momento que ele precisa e também com um plano de aulas e materiais didáticos para o professor poder incorporar essa tecnologia nas suas aulas", explicou.
Livro digital para escolas
Rafael Lunes, diretor da Skeelo, outro debatedor do painel, destacou que é importante nesse processo de transformação digital utilizar livros digitais, uma vez que hoje, a leitura está para além do produto físico. Mas a maioria das políticas de livros didáticos ainda são voltadas para este formato, argumentou.
Para Lunes, o contato com o livro digital é uma forma de se ter um letramento digital e educacional, já que o aluno tem a chance de usar um dispositivo para leitura somado ao acesso ao conteúdo.
Outra tecnologia que pode ajudar no processo de aprendizagem é a Inteligência Artificial. Rafael Parente, diretor do Instituto Salto e pesquisador de IA em Educação, explica que a tecnologia pode ser um elemento importante para reduzir as desigualdades educacionais.
"Estamos falando na integração das tecnologias e da inteligência artificial para dentro da sala de aula, para gerar mais qualidade na educação e mais legibilidade, o que significa diminuir a diferença entre estudantes que já estão na frente", explicou.
Mas Parente chama a atenção de que é importante ter uma infraestrutura que permita de fato aos estudantes e professores acessarem serviços digitais e usar tecnologias com qualidade.
"Em vários lugares do Brasil, infelizmente que a gente ainda não chegou para a infraestrutura que a gente precisa. Então, é preciso também pensar em políticas públicas que solucionem isso, tendo em conta os locais que não têm infraestrutura adequada", disse.