O mercado de operadoras móveis virtuais (MVNOs) no Brasil ainda é incipiente, com cerca de 2% do market share nacional. Apesar desse cenário, a TIP Brasil vê oportunidades de crescimento. Há 15 anos vendendo telefonia fixa para ISPs, a companhia agora foca em transformar provedores regionais em MVNOs.
Com mais de 300 parceiros credenciados, a empresa se coloca como uma das fornecedoras desse serviço para provedores de Internet que desejam lançar a própria operadora móvel virtual. A estratégia se baseia no fato de que a banda larga brasileira está entre as mais pulverizadas do mundo, dominada por pequenos e médios provedores regionais.
"Acredito que o futuro e o sucesso do mercado de MVNOs no Brasil está nas mãos dos provedores, visto que hoje em banda larga eles já são líderes", afirmou ao TELETIME o diretor comercial da TIP Brasil, Cristiano Alves.
Para ele, além de aumentar o tíquete dos ISPs, ter uma MVNO ajuda essas empresas a blindar a base. "Ser uma operadora na sua cidade e ter o seu nome no display do celular gera uma autoridade gigantesca. Ele também não fica limitado apenas onde ele tem fibra. Ele pode praticamente triplicar o número de clientes dele, porque consegue vender onde ele quiser", disse.
Modelo de negócio
A TIP Brasil oferece o modelo de MVNO do tipo white label para os provedores de Internet. Isso significa que a companhia fornece a estrutura e tecnologia para que os ISPs lancem a operadora móvel com marca própria – sem precisar desenvolver a infraestrutura do zero. As aplicações são criadas pelo time de desenvolvimento da companhia.
Segundo o executivo, o modelo adotado pela TIP prevê que os provedores paguem um custo fixo pelo acesso à plataforma de gerenciamento do serviço celular. Nela há, por exemplo, licenças, gestão de portabilidade, ativação de planos e monitoramento da operação.
"Eu entrego para os provedores duas maneiras de vender: o primeiro é no plano consumo, do qual eu falo quanto custa o GB e ele monta o pacote dele. Na nossa visão, esse é o modelo mais vantajoso. Se o cliente paga por 10 GB e só consome 2 GB, o provedor só paga 2 GB. É diferente de eu vender um modelo de pacote fechado", afirmou Alves. "Eu cobro o provedor e o provedor cobra o cliente final dele. O cliente é do provedor, e não da TIP Brasil", completou o executivo.
Essa é, inclusive, a estratégia da companhia: aparecer o menos possível para o usuário final da MVNO. Segundo Alves, nem mesmo no pacote do chip físico há menção à TIP. Na tela do celular, claro, o nome que aparece é o do provedor.
"Na telefonia fixa, por exemplo, somos hoje a sexta maior operadora do Brasil. Mas a gente não aparece. A mesma coisa com a telefonia móvel. Estamos com 300 MVNOs, mas a TIP não aparece. Quem aparece é sempre o meu cliente [o ISP]", afirmou Cristiano.
Para garantir cobertura nacional, a fornecedora trabalha com as redes da TIM e da Vivo. Nesse sentido, é o provedor que escolhe qual das duas operadoras melhor atende a região.
Mercado
A companhia observou um aumento na demanda por MVNOs em regiões que antes não eram tão representativas. "Quando lançamos o serviço de MVNO há 5 anos, quem mais comprava conosco eram ISPs do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Ferveu de vender por lá. Mas percebemos que agora o Nordeste e o Norte estão aquecendo bastante. Isso é muito legal para o mercado de MVNO", afirmou Cristiano Alves.
De acordo com ele, existem casos de provedores que começaram a vender planos de celular em uma única cidade e, depois, passaram a comercializar o serviço para todo o Brasil de forma on-line.
"O caso mais legal é o da Mhnet Telecom. A gente brinca dizendo que eles pedem chip de balde aqui. Estão vendendo muito bem para Santa Catarina, para o Rio Grande do Sul e estão começando a expandir bastante em São Paulo também", contou o executivo. Existem outros cases importantes para a TIP Brasil: o da maranhense Maxx; da paraense Fibra Link; e da paranaense Dbug.
Concorrência
A TIP não é a única empresa brasileira neste segmento: empresas como a Tá Telecom, Bora MVNO e Play Móvel também despontam com modelos similares. Ainda assim, Alves acredita que há espaço para a concorrência – devido ao alto número de provedores no Brasil a serem explorados.
"O mercado é muito grande, tem negócio para todo mundo. Temos alguns concorrentes, mas a TIP já tem o público dela", contou o executivo
Hoje, a empresa comercializa telefonia fixa para cerca de 2.500 provedores brasileiros de banda larga, e acredita que pode convencer boa parte dessa base a se tornar uma MVNO com a ajuda da TIP.
A telefonia fixa ainda é, inclusive, a principal fonte de receita da TIP Brasil. Mas a empresa projeta uma mudança nesse cenário em 2025. Segundo Alves, este será o primeiro ano em que as vendas de telefonia móvel devem superar as da fixa.