A Nuh Digital, uma operadora especializada em soluções tecnológicas para a educação, é uma empresa emblemática na implementação de programas de conectividade escolar no Brasil, já que vem participando dos principais projetos: desde o Internet Brasil, que conectou estudantes e professores com chips de dados na época da pandemia, até os projetos atuais, de conectividade em escolas por meio dos múltiplos programas coordenados pela Estratégia Nacional de Educação Conectada (ENEC), que incluem EACE, Fust, projetos estaduais com recursos da Lei 14.172/2021 e outros. Com esta bagagem, a empresa relatou, no Seminário Educação Conectada, realizado pela TELETIME esta semana, em Brasília, alguns dos desafios enfrentados nos diferentes modelos de políticas públicas, mas também aponta aprendizados colhidos ao longo do caminho.
Apenas no caso do Aprender Conectado, programa conduzido pela EACE com recursos do leilão de 5G, a empresa tem sob sua responsabilidade 2,1 mil escolas, sendo 1,5 mil com rede interna, 600 com rede externa e 129 com ambas.
Um primeiro desafio é fazer o projeto fragmentado, ou seja, sem que a outra parte (seja a rede interna ou externa) esteja necessariamente concluído. Nesse caso, a empresa adota uma abordagem em que alega não requerer sincronismo entre as duas redes. Isso permite que a instalação ocorra de maneira mais flexível e eficiente, sem a necessidade de esperar que ambas as redes estejam prontas simultaneamente. Essa estratégia é fundamental para superar os desafios logísticos e financeiros que poderiam inviabilizar o projeto. Outro aspecto é que ela atua como integradora dos provedores de fibra locais, buscando parceiros em cada cidade.
Para a rede externa, a Nuh Digital utiliza diferentes tecnologias de acordo com a distância da escola em relação à infraestrutura de fibra óptica existente. Se a fibra estiver a até 10 quilômetros da escola, a empresa opta por utilizar a própria fibra. Para distâncias entre 10 e 100 quilômetros, são utilizadas tecnologias de rádio ou FWA (Fixed Wireless Access). Em casos onde a distância é ainda maior, alternativas como o uso de satélites são consideradas, diz Laerte Magalhães, CEO da empresa.
No que diz respeito à rede interna, a Nuh Digital homologa fornecedores com base nos requisitos dos editais, garantindo que as soluções atendam aos padrões exigidos. Até o momento, a empresa já homologou mais de cinco fornecedores.
Engajamento
Segundo Magalhães, um dos desafios é engajar as escolas no processo de conectividade, assegurando que as instituições estejam cientes das políticas públicas disponíveis e dos benefícios que a conectividade pode trazer para o ambiente educacional. Esse trabalho é feito, diz ele, em colaboração com a EACE, e é essencial para o sucesso dos projetos, pois facilita a coordenação e a implementação das redes.
Os desafios enfrentados pela Nuh Digital são significativos quando se fala em projetos de grande dimensão geográfica e escolas dispersas, com múltiplos parceiros. "O nosso desafio é justamente conseguir juntar todas as pontas do projeto, mas sobretudo de fazer isso racionalmente, onde existe uma demanda". A abordagem de buscar a demanda antes de construir a rede, ao contrário das operadoras tradicionais, tem se mostrado eficaz, diz Magalhães. Além disso, a flexibilidade na escolha das tecnologias de acesso permite que a Nuh Digital maximize o retorno da rede, a depender do porte do município.