O Brasil é um mercado atraente para soluções de conexão direta entre satélites e celulares – tecnologia também conhecida como direct to device, ou D2D –, de acordo com relatório divulgado na última quinta-feira, 3, pelo BTG Pactual.
Analistas do banco ainda apontam que as teles nacionais devem firmar parcerias com operadoras de satélites para incrementar as receitas com a venda do serviço, não considerado pela instituição financeira como um concorrente da cobertura tradicional.
Na avaliação do BTG, o D2D pode ganhar tração no Brasil em função da extensão territorial e da necessidade de cobertura em áreas remotas, como a Amazônia. O banco ainda ressalta a expansão do agronegócio como um fator que tende a gerar demanda por conectividade.
O relatório também destaca que, enquanto 99,8% da população urbana brasileira contam com cobertura móvel, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), pouco mais da metade (54%) dos habitantes de áreas rurais tem acesso à cobertura celular. Além disso, o banco cita que, em estados como Roraima e Amazonas, as pessoas passam sete vezes mais tempo sem conexão do que os moradores de áreas urbanas, conforme dados da Opensignal.
Dessa forma, os analistas classificam o País como um "mercado muito promissor" para negócios entre operadoras móveis e empresas donas de constelações de baixa órbita (LEO, na sigla em inglês).
Adicionalmente, o BTG reforça que os serviços D2D "seriam uma solução atraente para aqueles que vivem em áreas sem serviço móvel terrestre e aqueles que precisam estar permanentemente conectados, incluindo pessoas e empresas que viajam em rodovias por todo o País", lembrando a falta de cobertura celular em diversas estradas estaduais e federais.
Incremento de receitas
Os analistas do BTG ainda indicam que o serviço D2D pode ser comercializado como um complemento pelas teles.
O banco recorda que, nos Estados Unidos, a operadora móvel T-Mobile incorporou a solução ao seu plano premium, mas também oferece o serviço cobrando uma taxa extra de US$ 15 por mês para clientes de outros pacotes. O serviço é feito usando a rede da Starlink, braço de conectividade satelital da SpaceX, e permite enviar mensagens de texto e de voz – capacidade para Internet das Coisas (IoT) e ligações estão na esteira dos próximos lançamentos.
"Os serviços são complementares e as empresas de telecomunicações estão vendendo o direto para celular como um complemento", afirmam os analistas, acrescentando que as teles devem ver a solução como uma oportunidade, e não uma ameaça.
"No geral, parcerias entre operadoras [móveis] e operadoras de satélites são a única maneira de o serviço fazer sentido para os usuários finais. Teles estão usando o direto para celular para diferenciar suas ofertas, atrair novos clientes e vender serviços", reforça a banco.
O relatório ainda ressalta que a Starlink, uma das potenciais parceiras das teles no D2D, já tem 345 mil clientes de banda larga no Brasil, o que faz do País o seu quarto maior mercado no mundo. Contudo, como apontado por TELETIME, a capacidade disponível da rede da empresa já está esgotada em algumas partes do território brasileiro.
Vale lembrar que a Claro anunciou, há menos de um mês, a conclusão bem-sucedida de um experimento de D2D no Brasil com a Lynk. Além disso, a Viasat está à procura de parceiros para escalar os negócios de conexão direta entre satélites e dispositivos no mercado brasileiro.