Rede óptica na Amazônia é surpresa positiva e grande aprendizado para o País, diz Moisés Moreira

Uma das principais surpresas positivas em relação às obrigações estabelecidas pelas operadoras móveis, na visão conselheiro da Anatel Moisés Moreira, foi a velocidade de implementação das redes do Programa Amazônia Integrada e Sustentável (PAIS). Moreira preside o grupo gestor das metas de 5G (Gaispi), implementadas pela EAF e que preveem 6 trechos de redes subfluviais na região Amazônica, e também do 4G (Gired), cujos trabalhos são realizados pela EAD, e que ficou com a obrigação residual de construir um dos trechos das redes do PAIS. "No caso da EAD, com a Infovia 01, em breve o trabalho estará concluído. Foi nosso grande aprendizado. No caso da EAF, também está muito avançado, esse ano teremos o lançamento de três infovias, e outras três até o final do ano estarão com os estudos concluídos, para lançamento em 2024. Acredito que todas as Infovias do PAIS estarão prontas até o final do 2024", diz Moreira.

Ele lembra que o programa  Amazônia Conectada, pioneiro no lançamento de uma rede de fibra óptica subfluvial na Amazônia, foi muito criticado e de fato enfrentou muitos problemas, "mas foi pioneira, e trouxe muito conhecimento. Se temos uma expertise se deve ao Exército", disse Moreira. Na visão do conselheiro da Anatel, o know-how adquirido na implementação das Infovias, que perfazem cerca de 10 mil km de redes sob os rios da Amazônia, "está ficando com o Estado brasileiro, o que é muito positivo". Ainda segundo ele, os projetos estão permitindo o desenvolvimento de tecnologias importantes, como o uso de energia solar e contêineres de equipamentos, e segundo Moreira "outros países estão nos procurando para aprender a fazer".

Moisés Moreira diz ainda ter sido procurado por empresas de redes submarinas interessadas em utilizar as Infovias do PAIS para estabelecer uma rota de dados entre Atlântico e Pacífico. "Isso caberá obviamente ao Estado, mas mostra a importância desse projeto". 

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As infovias trabalham com 24 pares de fibra de 4Tbps cada uma. "Tem muita capacidade e o benefício para a região é impressionante, o impacto social é gigantesco. São quase 10 mil km nos 6 trechos e que cobrem 43 municípios. Para chegar lá só com política pública", diz Moreira.

Ele admite que a obrigação imposta no edital de 5G de implementar a rede do PAIS sempre foi uma grande dúvida para a Anatel. "Mas conversando com os militares a gente ficou mais seguro. Os militares mostraram que aprenderam e desbravaram um modelo que ninguém tinha, e agora essa rede tem viabilidade comercial para que se criem parcerias público-privadas". 

Moreira diz que a orientação do Gaispi para a EAF, que está implementando as redes, é que além do ponto de presença em cada um dos 43 municípios, cada um deles deve receber também conectividade em 10 escolas, o tribunal local, hospital, em pelo menos uma praça pública e nas instalações militares urbanas. "Esse é um projeto alinhado com o conceito de conectividade significativa que tanto se fala", explica a chefe de gabinete do conselheiro, Marina Soares. 

Segundo Moreira, uma das preocupações da Anatel era com a continuidade das operações. "Hoje, acredito que a continuidade da operação será garantida mediante a doação para o ministério e ele é quem vai definir como fazer a operação, que deve ser no formato de swap e operação privada. Esse modelo também foi um aprendizado da primeira rede colocada pelo Exército, no Amazônia Conectada".

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