Intel aposta em IoT e 5G para o futuro e ainda espera crescimento no Brasil em 2020

Diretora geral para o Brasil da Intel, Gisselle Ruiz

Apesar de desafios macroeconômicos no Brasil e mesmo o contexto do impacto do coronavírus na indústria, a Intel se mostra confiante com o desempenho interno em 2020. Segundo a diretora geral para o Brasil na companhia, Gisselle Ruiz, um dos pilares para isso é o foco em segmentos como Internet das Coisas (IoT). "A gente está se inspirando para que a Intel colabore com a implantação do Plano Nacional de IoT e com a Estratégia de Inteligência Artificial", declarou ela em conversa com jornalistas na sede da empresa em São Paulo, nesta quarta-feira, 4. "Temos trabalhado com instituições desde a elaboração do plano, trazendo experiência de outros países."

A executiva diz que a empresa está "próxima" de centros de tecnologia da inovação e comunicações (TICs) para a elaboração de propostas para o Plano e para a Estratégia. "Ainda não podemos dizer a abrangência, o valor que a Intel pode colocar ainda está sendo definido. Mas a gente foi convidado para a discussão", conta.

O 5G também está no horizonte da Intel, mas a diretora afirmou que o time de relações com operadoras é que estaria olhando a consulta pública do edital do leilão de frequências da Anatel. Ruiz conta que a atuação da empresa é "mais do ponto de vista de regulação, para ajudar o governo e instituições na definição do 5G no Brasil, trazendo uma perspectiva global e conhecimento do que foi feito".

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Além de fornecer componentes para fornecedores de telecom, como Nokia e Ericsson, a Intel trabalha também com operadoras – neste caso, também "mais consultivo". Um dos exemplos seria nas possíveis aplicações do 5G para a IoT.

Mercado

Como a Intel já tem um planejamento estratégico traçado "vários meses antes", a proposta e convicção é a de crescimento do negócio no Brasil em 2020, mantendo uma tendência de alta dos últimos três anos consecutivos. Segundo Ruiz, a média brasileira está acima da global, até porque isso inclui também PCs. "Eu ainda acredito em crescimento em 2020. A gente não tem bola de cristal, o que temos a fazer é nos adaptar a cenários imprevisíveis, como a alta do dólar e a disponibilidade de componentes. Temos uma série de desafios."

Segundo a diretora geral da Intel, o Brasil é um dos 12 mercados principais da companhia no mundo, e o maior da América Latina. Para ela, os investimentos também são de longo prazo, e acabam passando pelos momentos de crise. "São ciclos de mercado", diz.

IoT

Além de tratar com diferentes verticais (como smart cities, indústria, varejo, saúde e transportes), companhia tem um programa de parcerias para Internet das Coisas, o IoT Market Ready Solution, para verificação de solução ponto a ponto sob "critérios rigorosos" e adaptados a problemas de negócios específicos do setor, pré-integrado em produção e projetado para acelerar o retorno sobre investimento. Segundo o gerente técnico e especialista em IoT da Intel Brasil, Fabiano Sabatini, a companhia está acelerando o programa no País. A ideia é trazer parcerias para trabalhar o ecossistema e trabalhar não só na ponta. "A Intel acredita, de maneira mais ampla e estratégica, que todos os dados têm que ter inteligência artificial", diz.

Um dos exemplos mostrados foi uma parceria com o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor). Além de elementos como digitalização de prontuário, a empresa empregou soluções da Intel para oferecer conectividade de alta performance em espaços da enfermaria e UTI, onde há atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, o Inova Incor espera que o "ecossistema hospital digital wireless" permita a rapidez de informações no diagnóstico e modelos preditivos. A inteligência artificial também é aplicada para anonimizar os dados em exames, como ultrassom e eletrocardiograma, permitindo separar o que é dado sensível do paciente e o que pode ser informação clínica, que poderiam ser aplicadas numa pesquisa avançada. "Esse é o primeiro case mundial com alto grau de precisão. Em alguns exames, estamos com 100% de acerto no algoritmo de identificar [os dados], independente do fabricante da máquina", disse Guilherme Rabello, do Inova Incor.

Produção

Em questão de produção, a Intel enfrentou problemas com uma "inequação entre demanda e oferta" no ano passado, o que levou a companhia a precisar investir em maior capacidade de produção em algumas de suas instalações no mundo. No Brasil, há investimento, mas não necessariamente com ampliação de cobertura de fábricas. "Estamos sempre analisando uma série de elementos para ampliar a cobertura de fábricas, avaliando elementos como talento local, custo e como está preparado o ecossistema", diz Gisselle Ruiz.

A diretora explica que a decisão de eventual expansão não é tomada "de um dia para o outro", uma vez que são investimentos de longo prazo. Mas um dos caminhos é o de aproveitar o talento local. No ano passado, a companhia focou no ecossistema de desenvolvimento de software para colaborar e fomentar esse campo no País. A empresa trabalhou com professores e universidades, e buscou oportunidades. "Tem outros mecanismos para fazer investimento em um país fora as fábricas", declarou.

Coronavírus

O impacto da pandemia do coronavírus (Covid-19) também traz desafios para a Intel em 2020. Segundo Gisselle Ruiz, a fornecedora tem fábricas em outros países, mas alguns componentes vêm da China, embora de regiões não afetadas. Ela não especificou números brasileiros, mas cita dados da Abinee, que colocam em cerca de 20% a queda da produtividade por conta da disponibilidade de componentes. "Temos um comitê global para lidar com essas preocupações; tem outros componentes que têm sofrido impacto, mas não têm relação com a Intel", diz.

Pilares

A empresa apresentou nesta quarta-feira também algumas de suas tendências para o ano. Assim como as redes 5G, são pilares para a fornecedora carros autônomos, inteligência artificial e "mundo virtual". Especificamente no Brasil, a companhia aponta para tecnologias mais próximas da realidade atual, como vídeo IoT, IA, cloud, a atualização do parque de PCs e o mercado de gaming. Globalmente, a Intel lida também com o desafio de implantar analytics: ela lida com 315 petabytes de dados de TI vindos de mais de 140 mil fontes diferentes, e com a tecnologia conseguiu obter receitas de US$ 1,2 bilhão no ano passado.

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