O presidente da associação dos provedores de Internet (Abranet), Roque Abdo, alertou o ministro das Comunicações Miro Teixeira, que se as novas regras de acesso à Internet não entrarem em vigor rapidamente, haverá uma explosão na oferta do serviço de acesso gratuito entre as teles, em uma situação difícil de ser revertida depois. Em reunião com o ministro, nesta terça, 4, e na companhia de representantes dos provedores UOL, Terra e AOL, o dirigente informou que as concessionárias já se articulam para uma guerra de provimento gratuito, a partir das autorizações para atuar fora de suas áreas de concessão.
Segundo ele, a Telemar já solicitou milhares de portas de interconexão à Telefônica com objetivo de entrar no Estado de São Paulo exclusivamente para propiciar conexão aos usuários do iG, seu provedor gratuito. Em contrapartida, disse Abdo, a Telefônica já se prepara para levar ao Rio de Janeiro, área de concessão da Telemar, o seu acesso gratuito, o iTelefônica, além de expandi-lo para todo o Estado de São Paulo.
Uso local
Pelas atuais regras de interconexão, as concessionárias, donas do maior volume de terminais, têm de pagar tarifas de uso local de rede (TUR-L) às autorizadas quando direcionarem a elas ligações originadas em suas redes, até que o tráfego entre as duas empresas se equilibrem. A regra, porém, tem beneficiado provedores gratuitos, que são subsidiados por tarifas de ligações recebidas das concessionárias. A proposta de regulamentação de acesso à Internet, em fase de consulta pública na Anatel, prevê que o tráfego de Internet seja diferenciado das regras de interconexão de voz e também proíbe que as teles subsidiem outros serviços a partir da receita de tráfego.
Abdo e os representantes dos provedores também encaminharam a Miro Teixeira proposta para o provimento de acesso gratuito a escolas da rede pública, no sentido de fornecer 2,625 milhões de endereços de e-mail grátis para estudantes de 2.856 unidades de ensino informatizadas, em 600 municípios de todo o País. Os provedores assumiriam o custo desta empreitada, calculado em R$ 203 milhões em quatro anos, diz Abdo. Mas a proposta só será viável se o avanço da Internet grátis for contido, diz o presidente da associação. Do ministro, Roque Abdo disse ter ouvido a promessa de que enquanto ele for o titular da pasta, o provimento de Internet será independente das teles.