A União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência das Nações Unidas para tecnologias digitais, e o Comitê Internacional de Proteção de Cabos (ICPC) formaram o Órgão Consultivo Internacional para Resiliência de Cabos Submarinos. O objetivo da iniciativa é fortalecer a resiliência dessa infraestrutura de telecomunicações.
Anunciado em Genebra (Suíça) no dia 29 de novembro, esse novo órgão consultivo deve se concentrar em promover melhores práticas para governos e indústria. Essa articulação, na avaliação da UIT, garantirá a implantação e reparo rápidos dos cabos, reduzindo riscos de danos e melhorando a continuidade das comunicações.
O novo Órgão Consultivo para cabos terá 40 membros, incluindo ministros, chefes de autoridades reguladoras, executivos da indústria e especialistas em operações de cabos de telecomunicações de todas as regiões do mundo, segundo a UIT. A Anatel participa do grupo com Gustavo Santana, superintendente executivo da agência.
A primeira reunião virtual do grupo está marcada para este mês, enquanto a primeira reunião presencial ocorrerá durante a Cúpula de Resiliência de Cabos Submarinos, em fevereiro de 2025 – em Abuja (Nigéria).
Incidentes
O lançamento do novo órgão ocorreu logo após dois incidentes na Europa que levantaram suspeitas de uma sabotagem envolvendo infraestruturas desse tipo no Mar Báltico. No dia 17 de novembro o BCS Leste-Oeste (cabo que conecta a Lituânia à Suécia) foi danificado. Logo depois, no dia 18, foi a vez do C-Lion1 (que liga Lituânia à Suécia) também ter a conexão interrompida.
O incidente reduziu em cerca de 20% a capacidade de Internet da Lituânia. Uma possibilidade aventada é que um barco chinês que partiu da Rússia com insumos de fertilizantes seja o responsável pelo corte nos cabos. Ministro da Defesa na Alemanha, Boris Pistorius afirmou que ambos os episódios devem ser tratados como um ato de sabotagem.
Tanto Alemanha quanto Finlândia avaliam os casos acima com preocupação e descartam que os cabos tenham sido rompidos de forma acidental. Em declaração conjunta, representantes desses dois países mencionaram a possibilidade de que tal ato faça parte de uma "guerra híbrida" com envolvimento da Rússia.
Relevância
Como aponta a UIT, os cabos submarinos são fundamentais para as comunicações globais. São essas estruturas as responsáveis por transportar a maior parte do tráfego mundial de Internet – permitindo o funcionamento de serviços essenciais como comércio, transações financeiras, atividades governamentais, saúde digital e educação.
"Os cabos submarinos transportam mais de 99% das trocas internacionais de dados, tornando sua resiliência um imperativo global", afirmou a secretária-geral da UIT, Doreen Bogdan-Martin. "O Órgão Consultivo vai mobilizar expertise de todo o planeta para garantir que essa crucial infraestrutura digital permaneça resiliente diante de desastres, acidentes e outros riscos", disse.
De acordo com o ICPC, danos a cabos submarinos não são incomuns. São em média 150 a 200 falhas por ano – o que resulta em cerca de três reparos de cabos a cada semana. As principais causas de danos incluem atividades humanas acidentais, como pesca e ancoragem, além de riscos naturais, abrasão e falhas de equipamentos.
"A formação deste Órgão Consultivo Internacional com a UIT marca outro passo em direção à proteção de nossa infraestrutura digital global. Ao trabalharmos juntos, podemos promover as melhores práticas, fomentar a colaboração internacional e criar uma abordagem consistente para proteger as redes vitais de cabos submarinos que sustentam a conectividade global", disse o presidente do ICPC, Graham Evans.
