Constelação de satélites de baixa órbita (LEO) em planejamento pela Amazon, a Kuiper deve contar com os primeiros assinantes em solo brasileiro ainda em 2025, pouco após o início da operação comercial da rede de Internet.
A informação foi confirmada ao TELETIME pelo head de desenvolvimento de negócios da Kuiper na América Latina, Bruno Soares Henriques, em entrevista durante o Congresso Latinoamericano de Satélites – evento encerrado nesta quinta-feira, 3, no Rio de Janeiro.
Segundo o executivo, os planos para entrada em operação da constelação estão a todo vapor. Uma série de lançamentos de satélites comerciais terá na reta final deste ano, abrindo uma sequência semanal de dezenas de lançamentos que ganhará tração no decorrer de 2025.
Com os satélites em órbita, a disponibilidade do serviço começa no ano que vem nos pontos mais extremos do globo – seja no hemisfério Sul ou no Norte. Assim, após áreas na Argentina e Chile, a região Sul brasileira deve ser uma das primeiras a contar com o serviço, indicou o head da Kuiper na América Latina.
Em sete países latinos, a empresa já tem acordo de distribuição para o mercado residencial firmado com a Vrio, dona no Brasil da Sky. A Amazon ainda discute detalhes com a parceira (como a marca que será usada no arranjo), mas também poderá vender o produto de Internet de forma direta pelo seu marketplace digital.
Em paralelo, a Kuiper segue aberta para parceiras de distribuição no segmento B2B, de olho em verticais como a de governos e mobilidade, indica Henriques. A possibilidade foi reiterada pelo head de desenvolvimento de negócios para telcos da Amazon Kuiper, Zoran Kehler, também durante o Congresso de Satélites no Rio de Janeiro.
"Estamos em discussão intensa com operadoras móveis e ao mesmo tempo, fazendo isso no segmento corporativo, com grandes empresas brasileiras. Vamos atras do Brasil por múltiplos ângulos porque é um mercado chave para nós", indicou Kehler.
Dos três modelos de equipamentos já anunciados, um especificamente foi pensado para sistemas de backhaul móvel, com capacidade de 1 Gbps e desenhado para ser integrado a estações rádio base das teles.
Operação padrão
Segundo Bruno Soares Henriques, a Kuiper está montando no Brasil uma operação "padrão", contando com equipes para as áreas de atendimento, suporte técnico, marketing e outras. "A constelação é global, mas o serviço será local", afirmou.
A empresa vislumbra uma demanda gigante no País, avaliando em cerca de 40 milhões os lares que não possuem banda larga fixa de qualidade. "A demanda reprimida é muito grande, com o universo de pessoas que querem Internet confiável ainda muito maior que a oferta", afirmou.
Para alcançar este mercado, a empresa considera a acessibilidade financeira um tema crucial. A Amazon já divulgou que projetou três modelos de antenas para diferentes públicos, sendo o modelo padrão capaz de entregar 400 Mbps e por ora avaliado em cerca de US$ 400.
Já a antena mais simples – que entrega até 100 Mbps – tem metade dos elementos, mas sem preço definido, aponta Henriques. O que já é certo é a negociação de serviços e equipamentos em reais, algo visto como ponto importante na disputa com a Starlink, líder no mercado LEO.
Outro diferencial – este apontado por Zoran Kehler – é que a Kuiper não pretende atuar no modelo de "best effort" (sem garantir níveis de serviço). A promessa mira o segmento corporativo. O B2B de uma forma geral pode deve ser foco da antena mais potente desenvolvida pela Amazon, e que pode entregar até 1 Gbps.
Sinergias
Para Bruno Soares Henriques, a existência de infraestrutura da matriz Amazon no Brasil será outro trunfo para o crescimento das operações a partir do ano que vem.
A Kuiper planeja contar com "dezenas" de gateways no País, integrados a sites da Amazon Web Services (AWS) no solo brasileiro e em localidades já pré-reservadas. A integração com o backbone da divisão de nuvem da Amazon também é parte nativa da estratégia da empresa.
A estrutura da matriz ainda contribuirá na questão logística. A constelação deve utilizar na Amazon a mesma estrutura que hoje suporta a comercialização de outros dispositivos eletrônicos da empresa de Jeff Bezos, como a assistente virtual Alexa e o leitor de livros digitais Kindle.