Setor de telecomunicações é o grande player de big data, dizem operadores

O volume de dados gerados e retidos no setor de telecomunicações é de aproximadamente 70 petabytes, o que torna essa indústria automaticamente um dos maiores players em big data. A informação é uma estimativa do sócio da consultoria Ernst & Young, Ricardo Vilanova, que durante painel na Futurecom nesta terça-feira, 2, afirmou que é o setor "com maior potencial de geração de valor para o volume de dados, e por ser base de outros negócios". Com a Internet das Coisas (IoT), isso pode aumentar ainda mais. "Respeitadas as questões de privacidade, você vai saber se a possa toma um litro de leite por dia, o que come no café da manhã, e vai ter volumes enormes com IoT", diz.

"Quem trabalha na indústria de telecom tem uma sorte incrível, nenhuma indústria tem capacidade de armazenar dados e informações como a nossa", destaca o diretor de inteligência de mercado da Claro Brasil, André Guerreiro. Ele ressalta que é um setor com competição e que "obriga" a empresa a ser ágil e rápida, adequando-se às mudanças de comportamento do consumidor e às ofertas. "E acionista te obriga ter resultado, margem e a agir muito rápido", lembra.

Segundo o vice-presidente de estratégia digital e inovação da Vivo, Ricardo Sanfelice, o uso do big data na companhia começou há cerca de quatro anos, quando a empresa começou a investir na transformação digital, contratando cientista e engenheiro de dados, além de criar um data lake interno. Outra barreira é a estrutura interna – para Sanfelice, há dificuldades em disseminar a cultura para outros departamentos da companhia. "É preciso esforço muito grande de capacitação, processo de evangelização criando use cases simples; os cientistas de dados nunca vão ser especialistas em redes, em atendimento ao cliente e em finanças". Há o desafio de capital humano também: são 150 pessoas na área no País, sendo 50 cientistas formados dentro de casa.

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"Capital intelectual é fundamental para colocar o big data em uso na empresa", declara o gerente de inteligência geográfica da Oi, Sérgio Rosa. Para isso, a companhia montou uma área de parcerias para gerir o ecossistema, quebrando em fatias, com conceito de fábrica para manter o big data; uma camada intermediária de modelagem mais refinada, com capacidade preditiva; e uma camada superior, que é de análise de negócios. E simplificar as coisas. "Tenho de reduzir ofertas, movimentando o cliente na régua; tem que abrir mão de receita para poder ter menos ofertas, sistemas mais adequados onde você consegue trabalhar a experiência do cliente", aposta.

A proposta da TIM é de fundir o conceito de big data e analytics com competências de empreendedorismo, segundo o diretor de desenvolvimento de negócios e inovações da operadora, Janilson Bezerra. "A TIM está começando agora, constituiu recentemente uma área dedicada em IoT com foco em big data e analytics, porque se existe algo que precisa gerenciar informações é a Internet das Coisas, e vai acontecer muito além da conectividade", diz.

No entendimento do VP de serviços digitais da Ericsson, Marcelo Freire, para levar ao cliente a experiência fim a fim, é necessário ter um esforço conjunto da indústria. Ele lembra que no início da privatização do setor, houve problema com informações cadastrais com clientes, resolvido em uma parceria da Anatel com as teles para o compartilhamento desses dados. "Alguma coisa nesse sentido vai ter que acontecer, as informações de uso de clientes têm de municiar a sociedade nesse sentido", defende. "O mecanismo que talvez tenha que se estudar é como a gente centraliza, unifica dados dos usuários, talvez pensando em algo que otimize custo de infraestrutura". Em questões de privacidade e de proteção de dados, ele sugere ainda que o fornecimento seja utilizado "inicialmente pelas políticas públicas, governo, mas provavelmente pelas operadoras e com o único objetivo – fazer com que a experiência do usuário seja valiosa."

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