Com a antecipação de políticas públicas para fomentar a Internet das Coisas, as operadoras começam a se preparar para tentar assumir o papel de protagonistas nesse mercado, mas não sozinhas.
A questão que permanece é qual será o papel das empresas de telecom nesse cenário: se provedoras de conectividade ou provedoras de serviços. Para a Telefônica/Vivo, a opção de ser apenas provedora de conectividade no cenário da Internet das Coisas não é o melhor caminho.
Segundo Eduardo Navarro, presidente da empresa, ficar apenas na conectividade não vale a pena, "porque o volume de dados é muito baixa". A forma de avançar, segundo ele, é ajudar as empresas usuárias de IoT a terem plataformas de gestão dos chips, como se forem operadores de rede, alocando recursos etc, como se fossem um provedores de telecom. "É impossível estar presente em todos os setores. O conjunto de aplicações é infinito, então o caminho é desenvolver um ecossistema, selecionar um conjunto de setores que nos permitam atuar ponta a ponta: no nosso caso, gestão de frotas (aluguel de carros), gestão de energia para empresas e consumidores, cidades inteligentes. Ficar na conectividade não é uma opção porque as receitas e margens são muito baixas", diz ele. Ele deu exemplos de parcerias globais da Telefônica na área de IoT, como um projeto de conectar globalmente as máquinas da Nespresso para o segmento empresarial, a conexão de quase dois terços dos medidores de energia do do Reino Unidos e, no Brasil, a parceria para gestão de energia com o Hotel Meliã.
O diretor-executivo de estratégia da TIM, Luís Minoru, reconhece a necessidade de parcerias para que as teles não fiquem na mesma posição da briga atual com as over-the-tops. "É muita arrogância nossa achar que vamos vender dispositivo IoT, que vai colocar na geladeira. O que vamos é estimular que fabricante queira levar produto com conectividade embarcada, com dashboard de inteligência", declara. "Apesar de discutir complementaridade de rede, tem de discutir soluções. Caso contrário, se evitar e não ter interoperabilidade e não ter escala de dispositivo, alguém vai roubar esse mercado da gente", afirma.
A estratégia da TIM é focada em tecnologias com espectro licenciado, como Cat-M e NB-IoT. A companhia anunciou nesta terça, 3, durante a Futurecom, a criação de um espaço de startups interno focado em Internet das Coisas (IoT) e analytics, que funcionará como um local de coworking para atrair a inovação. O espaço já inicia com uma equipe multidisciplinar com startups que juntas têm receita de R$ 50 milhões ao ano. "Se não mudar a gestão de como as coisas são feitas, vamos ficar só com a parcela de conectividade, e olhe lá", declara Minoru.
O presidente do Grupo Algar, Luis Alexandre Garcia, estima que é necessário uma regulação mais leve, com ênfase na necessidade do compartilhamento de infraestrutura. E o grande desafio é como desenvolver política de geração de valor para todos os participantes da cadeia produtiva. O presidente da Abranet, Eduardo Parajo, é mais firme. "A posição é de não regular e esperar para ver como o mercado vai florescer, é o melhor", diz.
No entendimento do diretor de negócios de TI-B2B da Oi, Luiz Carlos Faray, a conectividade vai representar 15% das receitas de IoT. A tecnologia exigirá processamento de dados, armazenamento e escalabilidade de plataforma, além de todo o ecossistema de aplicações. "Operadores precisam ser protagonistas nesse processo", declara.
A Embratel também aproveitou a Futurecom para anunciar a expansão da sua área voltada para IoT, onde alega ter já 5 milhões de usuários conectados. Uma das áreas em que a empresa aposta é no segmento automotivo e diz ter 500 mil conexões de IoT embarcadas em veículos.