As operadoras brasileiras Oi e Algar defenderam nesta segunda-feira, 2, que estão investindo em tecnologia de rede e que, mesmo diante da crise econômica que assola Brasil desde 2014, estão crescendo. O discurso apresentado no Forum China-Brasil que aconteceu no primeiro dia do Futurecom, parece bem familiar com aquele que as teles vêm apresentado nos últimos anos, mas, desta vez os fornecedores chineses resolveram fazer o contraponto.
"Nos últimos dois anos, o negócio de operadoras diminuiu bastante. Neste período focamos mais em ISPs. Parece que as operadoras estão segurando um pouco", disse Rafael Wang, VP da ZTT no Brasil. "Eu entendo que todo mundo tem planos de investimento e estratégia, mas para nós, fabricantes, seria importante ajudar vocês a crescerem e melhorarem a qualidade".
Marcio Estefan, VP de estratégia do Grupo Algar, disse que nos últimos quatro anos sua empresa investiu R$ 500 milhões em sua operação e que cresceu 8% na média do último quadriênio. E frisou a necessidade de velocidade de implantação de redes, uma vez que estão expandindo seus serviços para o nordeste.
Wang relativizou dizendo que a parceria é importante e que atualmente entrega parte dos seus equipamentos de redes à Algar via Huawei (responsável pela implantação da rede). O executivo chinês afirmou que a ZTT trouxe apenas uma pequena parcela do seu portfólio, e que à medida que conseguir mais parcerias no Brasil, haverá a entrada de mais tecnologias de ponta.
Sobre parcerias, o diretor de tecnologia da Oi, Mauro Fukuda, disse que a cooperação entre empresas brasileiras e chinesas é fundamental não só para redes, mas para serviços. Disse ainda que há espaços para mais chinesas virem com o intuito de aumentar o 4G e a banda larga no Brasil.
Governo pede o seu chapéu
Pelo lado governamental, André Muller Borges, secretário de telecomunicações do MCTIC, lembrou que o Brasil está trabalhando na reforma do modelo setorial, de modo que seja mais propício a investimentos, tanto para fornecedores como prestadores de serviços. Já Igor de Freitas, vice-presidente e conselheiro da Anatel, lembrou as oportunidades que as companhias têm no Brasil para ofertar mais redes ligadas à Internet no país.
"Temos observado um movimento intenso de empreendedores locais, que têm portado recurso próprio para colocar fibra em suas cidades e que usam frequências não licenciadas. Recentemente, com menos de dois anos, fizemos uma licitação de 2,5 GHz com valores mais reduzidos. Houve muito interesse de Norte a Sul do País. Estou dando destaque sem medo de ressaltar todo o investimento que as grandes operações registram", disse Freitas.
"Os números da Anatel mostram que ainda existe uma grande oportunidade em infraestrutura. Temos mais de 2 mil municípios que precisam de fibra ótica. Temos 230 municípios com velocidade de oferta de 10 MBPS de Internet. Nós ainda estamos na metade do caminho do que tange a oferta de Internet. As empresas precisam olhar para toda a transformação digital que está por vir", completou o conselheiro.