O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que está pronta uma portaria para regulamentar o conteúdo distribuído via tecnologias de TV paga por assinatura (DTH). Costa, que participou da abertura da Futurecom em Florianópolis, nesta segunda-feira, 2, fez severas críticas à falta de regulamentação para DTH no Brasil.
Aparentemente, o ministro dá indícios de que poderá estabelecer restrições com base na necessidade de respeito aos valores éticos da pessoa humana e, especialmente, respeito à legislação relativa à criança e adolescente. É, na prática, o já está estabelecido na Constituição.
Segundo o ministro, a iniciativa não tem restrição ao pedido da Telefônica para transmitir televisão via DTH. ?Quem quiser hoje vai à Anatel, compra espaço no satélite e faz transmissão de televisão?, argumentou o ministro. ?Tem que haver um começo de entendimento, e não é uma coisa que não tem limite, que não tem legislação ou comando. O que existia, do Ministério das Comunicações, foi superado pela Lei Geral de Telecomunicações. Ficou um buraco. Tem que ter algum parâmetro.?
Telefônica não entendeu
O presidente da Telefônica, Fernando Xavier, ao ser indagado sobre as declarações do ministro, disse que não havia entendido o que ele queria dizer. Apesar de Costa não reconhecer que o pedido da Telefônica tenha sido o início da discussão sobre a necessidade de estabelecer alguma tipo de regulamentação de conteúdo na televisão por assinatura, certamente a possível entrada em operação de um DTH de mais uma poderosa organização estrangeira deve ter estimulado a discussão no Minicom.
Análise
A iniciativa de Hélio Costa é, no mínimo, polêmica. Primeiro, porque não faz o menor sentido tratar o DTH de forma separada dos demais serviços de TV por assinatura. Depois, porque todos os meios de comunicação social estão vinculados à Constituição. O que falta é definir o que são meios de comunicação social e regulamentar os artigos 221 e 222 da Contituição, o que é justamente a proposta da Lei de Comunicação em elaboração (lenta) na Casa Civil.
Não existem, para nenhum serviço, salvo a radiodifusão aberta, regras que determinem a qualidade do conteúdo. Mas já existem regras, colocadas pela legislação e regulamentação da Ancine que precisam ser seguidas por qualquer tipo de programação no Brasil. A iniciativa de Costa precisará ser certamente muito bem discutida.