"Vou deixar bem claro: quem vai decidir 5G sou eu", diz Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro declarou que a decisão sobre as empresas que poderão fornecer equipamentos e serviços para a implantação do 5G no Brasil caberá exclusivamente ele. O presidente afirmou que tem conversado com ministros das pastas de inteligência e segurança para tratar do assunto e tomar uma decisão sobre a presença – ou não – de fornecedores chineses como a Huawei. A manifestação aconteceu em live realizada na tarde desta quinta-feira, 3.

"Vou deixar bem claro, que vai decidir 5G sou eu. Não é terceiro, ninguém dando palpite por aí, não. Eu vou decidir o 5G. E não é da minha cabeça apenas. Eu converso com o general Augusto Heleno, do GSI. Converso com o Ramagem, chefe da Abin. Converso com o Rolando Alexandre, que é diretor-geral da Polícia Federal", disse o presidente.

Bolsonaro disse também que tem tido conversas com representantes do governo norte-americano e diversas entidades e representante de países. O presidente justificou sua postura dizendo que o Brasil seria uma potência e, por isso, mereceria um sistema robusto de inteligência e segurança. Ele não explicou se isso significaria alguma inclinação à pressão dos Estados Unidos, contudo.

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Resposta a Mourão

A postura de Jair Bolsonaro nesta quinta-feira, 3, pode se uma resposta ao que disse o vice-presidente Hamilton Mourão, em entrevista concedida à agência de notícias Xinhua, da China, na última terça-feira, 1º. Na ocasião, o VP afirmou que o leilão de 5G previsto para 2021 não deve trazer restrições a empresas por conta de seus países de origem. Mourão também projetou impactos econômicos caso a atuação da Huawei seja barrada no País.

"Não distinguimos as empresas pelo país de origem, mas sim pela sua capacidade em oferecer produtos e serviços confiáveis, seguros e, obviamente, a preços competitivos", afirmou Mourão, aos jornalistas chineses. O vice-presidente já havia sinalizado postura mais favorável à China em agosto.

A briga entre EUA x China

A gestão de Donald Trump acusa a Huawei de espionagem e obediência ao governo chinês, mas a fornecedora vê um caráter comercial na ofensiva. Além dos EUA, países como Reino Unido e Austrália já barraram a atuação da empresa no 5G. A empresa afirma ser inocente, e o governo norte-americano ainda não forneceu nenhuma prova das acusações.

Recentemente, a embaixada chinesa no Brasil reagiu publicamente a manifestações de representante do Departamento do Estado dos EUA que defendia um 5G brasileiro sem a Huawei. Em entrevista ao TELETIME, o embaixador da China, Yang Wanming, afirmou esperar uma decisão "racional" sobre a o tema.

O Ministério das Comunicações tem afirmado que qualquer diretriz sobre o assunto, inclusive sobre eventuais restrições, deve ser dada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas provavelmente em 2021. O próprio Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, já deram indícios de um possível alinhamento com os EUA. Vale notar que o Minicom já se reuniu com fornecedores de 5G – Ericsson e Nokia, no mesmo dia -, mas ainda não com a Huawei, por "problemas de agenda".

4 COMENTÁRIOS

  1. Vai consultar todo mundo, menos os especialistas em Telecom?
    Decisão política apenas, sem considerar todo o aspecto técnico e econômico do ecossistema do 5G?
    Desprezo pelos especialistas do setor?
    Melhor pensar bem!

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