Segmento corporativo enfrenta desafios para adoção plena do 5G

Foto: Teletime Tec/Marcos Mesquita

Mesmo possuindo vocação para atendimento de demandas do setor corporativo (B2B), a tecnologia 5G ainda enfrenta alguns "limitadores" para uma adoção plena na cadeia produtiva – embora o avanço gradual da utilização já esteja ocorrendo.

O tema foi discutido nesta terça-feira, 3, durante o painel de encerramento do Teletime TEC 5G & Wireless, promovido por TELETIME em São Paulo. Na ocasião, Claro empresas, Viasat, Datora Telecom, ConectarAgro e o Senai/SP compartilharem desafios e avanços na implementação de novas tecnologias de conectividade no universo B2B.

"Sempre soubemos que o 5G seria impulsionado pelo setor corporativo", apontou o diretor de marketing da Claro empresas, Alexandre Gomes. Entre as possibilidades que já estão sendo capturadas direta ou indiretamente estão o uso da banda larga fixa via 5G (FWA) no setor corporativo, projetos de redes privativas e mesmo a adoção de APIs do Open Gateway.

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Há, contudo, uma série de limitadores. Entre eles está o ecossistema, sobretudo o de dispositivos adequados ao 5G. "Recomendamos que os clientes comecem a impulsionar suas áreas de suprimentos por dispositivos prontos para o 5G. Assim a indústria vai dando um gás", sugeriu Gomes, ao abordar o gargalo que afeta determinados projetos.

Um ponto similar foi apontado por Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO – associação que promove a conectividade no agronegócio. Segundo ela, via de regra o maquinário agrícola não conta com modems disponíveis para conexão à tecnologia 5G. No agro, a quinta geração de redes poderá habilitar recursos como veículos autônomos, exemplifica a profissional.

De forma imediata, contudo, a ConectarAgro tem preocupações de conectividade mais urgentes. "Antes de tudo, o que a gente precisa é conectar o campo", destacou Campiello, notando que diversas necessidades do setor podem ser atendidas com tecnologias anteriores ao 5G.

Neste sentido, a dirigente valorizou um aumento na cobertura (4G ou 5G) da área agrícola no último ano, mas a partir de esforço do mercado. Para Campiello, também são necessárias políticas públicas para reduzir as lacunas de conectividade, inclusive com uso de recursos do fundo setorial Fust.

Já na frente comercial, a presidente da ConectarAgro avalia que as teles ainda não são vistas no agro como provedores de serviços além da conectividade, em cenário que exigiria novas estratégias para ser alterado.

Redes privativas

Quem já tem atuado junto ao agronegócio é a Datora Telecom: diretor de inovação da empresa, Daniel Fuchs apontou que a operadora contabiliza 74 fazendas atendidas em modelo que se aproxima das redes privativas. Ainda assim, a Datora acredita que a vertical poderia estar avançando de forma mais célere.

Algo similar vale para a indústria, onde Fuchs vê restrições orçamentárias de clientes como impeditivo para alguns projetos. A falta de incentivos para a cobertura indoor do 5G no Brasil também seria uma barreira para maior adoção no segmento, aponta a Datora.

No entanto, a empresa tem planos para acelerar o crescimento no mercado B2B. Uma das estratégias é treinar as 27 MVNOs credenciadas na Datora para que as parceiras atuem como integradoras profissionais em projetos, inclusive habilitando ofertas fim a fim.

Satélites

Outra peça relevante na equação do mercado corporativo é a integração da cobertura terrestre com a satelital, inclusive com o impulso dado por avanços na conexão direta entre satélites e dispositivos (o chamado D2D).

Gerente de novos negócios da Viasat, Felipe Merkel aponta que o tema está aquecido e que a operadora tem sido procurada pelo mercado para habilitar soluções conjuntas com players de redes privativas ou mesmo independentes (embora o foco da empresa seja parcerias com operadoras).

Mas novamente, o limitador da disponibilidade de hardware surge como barreira a ser superada. "Os aparelhos precisam enxergar a rede e estamos nessa fase onde precisamos desenvolver o ecossistema como um todo, em nível de aplicação e hardware. Se não tiver hardware para solução satelital, não tem negócio", afirmou Merkel. A Viasat, vale lembrar, já oferece uma solução de conexão direta entre dispositivos e satélite por meio de um satélite geoestacionário que opera na banda L. É uma solução para baixo tráfego, porém tem cobertura nacional permanente e que está disponível hoje.

Parcerias para o 5G

"Nós começamos tarde, mas estamos correndo atrás para recuperar o tempo", resumiu o assessor da presidência do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial em São Paulo (Senai/SP), Wilson Cardoso, sobre as redes privativas em 5G.

O especialista recordou que países como a China já possuem há algum tempo uma estratégia delineada para avanço no segmento, resultando em cenário de cerca de 20 mil redes privativas de quinta geração ativas na gigante asiática. Mas o próprio Senai tem agido para ajudar a desenvolver casos de uso e acelerar a adoção da tecnologia 5G no setor empresarial.

Hoje, segundo ele, o grande esforço no Brasil tem sido o de desenvolver e demonstrar casos de uso, para que isso estimule outros setores econômicos a adotarem o 5G e outras soluções de conectividade em seus processos de automação.

Um dos projetos em curso envolve o campus da instituição de ensino no bairro da Vila Mariana, na capital paulista. Lá, cinco redes privativas distintas poderão ser usadas para testes de casos de uso 5G na indústria. A ConectarAgro também tem realizado projetos ao lado do Senai, para testes de diferentes casos de uso do 5G no agro.

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