5G avança entre as teles, mas ainda enfrenta desafios de monetização

TELETIME TEC5G Claro e Vivo
Samuel Possebon, Elmo Matos e Luiz Fernando Bordout (da esq. para dir.). Foto: Marcos Mesquita/TELETIME

A implementação do 5G no Brasil tem superado expectativas de penetração e impacto na experiência do usuário, segundo representantes das operadoras Vivo e Claro. A adoção da tecnologia e a melhora perceptível na qualidade do serviço são apontadas como marcos positivos do primeiro ciclo de expansão, mas desafios como a monetização da rede, custos de implantação e maturação tecnológica seguem no centro das estratégias futuras.

Com cerca de 20% de penetração nacional de dispositivos 5G (e quase 50% em algumas capitais) o Brasil está à frente da média latino-americana e se aproxima dos níveis europeus, destacou o diretor de core e implantação de rede móvel da Vivo, Elmo Matos. Durante o TELETIME TEC, realizado em São Paulo nesta terça-feira, 3, o executivo afirmou também que a Vivo já chega em 62% da cobertura populacional e detém 40% do market share de dispositivos 5G.

Já na Claro, a adoção da nova geração de rede ocorre de forma ao menos duas vezes mais rápida do que foi com o 4G, tanto em tráfego quanto em migração de clientes, segundo o diretor de tecnologias de rede da Claro, Luiz Fernando Bourdot. Hoje, 30% do tráfego nas áreas cobertas pelo 5G já ocorre nessa tecnologia, beneficiando inclusive os usuários de 4G com redes menos congestionadas e maior estabilidade.

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"Estamos vendo uma melhoria direta na percepção de qualidade, principalmente no consumo de vídeo. É um salto na satisfação do cliente", afirmou Bourdot.

Monetização ainda é desafio central

Apesar dos avanços, a sustentabilidade econômica da rede 5G ainda representa um dilema. O custo global de implantação (especialmente em energia e infraestrutura) é considerado "extremamente alto", enquanto os pacotes de dados já existentes atendem confortavelmente à demanda dos consumidores, sem gerar incremento proporcional de receita.

"O 5G é a tecnologia que traz a possibilidade de monetizar por experiência, não somente por tráfego, e em breve vamos começar a viver esse novo ciclo", declarou Elmo Matos. Nessa nova lógica, a aposta está em serviços como redes privativas, fatiamento de rede (network slicing) e soluções corporativas personalizadas.

Um exemplo destacado pelo executivo da Claro é o serviço de "mochilink", que usa slices dedicados para conectar câmeras de transmissão em tempo real, oferecendo qualidade e latência controladas, algo essencial para eventos ao vivo.

5G Standalone

A transição dos clientes para a rede 5G Standalone (SA), que já está implantada e opera independentemente das redes 4G, é considerada o próximo passo estratégico. O modelo brasileiro, que adotou o SA desde o início, dá vantagem ao País sobre mercados como a Europa, que ainda debatem o momento da migração.

A Vivo implementou SA e NSA (Non-Standalone) em paralelo, permitindo uma transição fluida. Contudo, a adoção ainda é tímida entre consumidores, restringindo-se principalmente ao segmento corporativo. A migração exige dispositivos compatíveis, SIM cards específicos e suporte à Release 16 do 3GPP.

"O SA perde o fallback para o 4G e a agregação de bandas, o que afeta desempenho em certos casos. Por isso, o foco inicial está no B2B, onde a diferenciação do serviço justifica o investimento", explicou o executivo da Vivo.

Além do 5G Advanced, as redes via satélite

As operadoras também se preparam para o 5G Advanced, previsto para ganhar força com o Release 18 do 3GPP. Diferente do LTE Advanced, essa evolução traz um conjunto amplo de melhorias, desde a agregação de banda a funcionalidades para IoT e sustentabilidade.

O desafio, no entanto, será comunicar essas vantagens de forma compreensível ao consumidor, já que o termo "5G Advanced" ainda é tecnicamente amplo e comercialmente difuso.

Outro horizonte promissor é o das Redes Não Terrestres (NTN), que integram o 5G com constelações de satélites. A Claro já testou chamadas com smartphones convencionais via satélite, sinalizando um futuro em que a conectividade esteja disponível mesmo fora da cobertura terrestre. "Complementar a rede terrestre com satélite é uma proposta espetacular", defendeu Luiz Fernando Bordout.

Ainda assim, a complexidade técnica, a necessidade de dispositivos específicos e a regulação são entraves a serem superados.

E o FWA?

O Fixed Wireless Access (FWA) aparece como solução complementar, sobretudo em áreas onde a fibra óptica não chega.

A Vivo já oferece FWA para clientes residenciais e corporativos, com redes preparadas e alto nível de automação. A Claro tem reportado sucesso com o FWA corporativo, usado como redundância e suporte em ambientes como agências bancárias.

No entanto, o FWA residencial ainda enfrenta desafios de custo e qualidade. "Na rede móvel, a velocidade não é garantida, ela é caprichosa. Você vai ter aquilo que naquele ponto onde você instalou é possível conseguir. Então, a maneira de você criar um produto, ela é diferente do que você faz numa rede fixa", declarou Bordout. Mas ele reconhece que existe uma aplicação que é perfeita para o FWA, que é na oferta de redundância para redes corporativas. "O FWA é o melhor amigo de uma rede SD-WAN", diz.

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