Operadoras concluem repasse de dados de 100 milhões de clientes para Cadastro Positivo

O setor de telecomunicações repassou aos birôs de crédito gestores do banco de dados do Cadastro Positivo (Boa Vista, Quod, Serasa, SPC e TransUnion) histórico de pagamentos de mais de 100 milhões de clientes dos serviços de telecomunicações, entre pessoas físicas e jurídicas. A intenção é permitir a essas pessoas acesso a crédito em instituições financeiras.

Quase a totalidade dos dados foram de cadastros de clientes pós-pagos. Segundo o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, atualmente o cadastro de clientes pré-pagos também já pode ser utilizado para inclusão no Cadastro Positivo. "Isso não era possível antes porque as informações desses clientes tinham alguns problemas nos dados, sendo observado inclusive fraudes", explicou Baigorri no Painel Telebrasil Talks Finanças e Varejo, que aconteceu nessa terça-feira, 3.

Baigorri acredita que o uso do cadastro do pré-pago pode incluir as pessoas que não estão inseridas no setor financeiro, já que o perfil desses clientes é diferente quando comparados com os de serviços pós-pagos. "Hoje corrigimos os problemas desses dados. Atualmente, quando uma pessoa vai fazer um cadastro de pré-pago, tem algumas perguntas que o usuário precisa responder. Ele tem uma qualidade muito melhor do que ele tinha antes, não sei se melhor que o do pós-pago, mas melhorou bastante", disse o presidente da Anatel.

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Desbancarização

Desse total de 100 milhões de clientes, mais de 11 milhões entre consumidores e empresas são desbancarizados e, portanto, ausentes nos dados enviados anteriormente pelas instituições financeiras. Os dados foram encaminhados pelas empresas Algar, Claro, Oi, Sercomtel, Sky, TIM e Vivo e são referentes às assinaturas de serviços pós-pagos de telefonia celular e fixa, banda larga e TV por assinatura.

Elias Sfeir, presidente da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), acredita que a inserção das informações do setor de telecomunicações seria uma "confirmação" da política do Cadastro Positivo em julho de 2019, principalmente em relação à inclusão financeira. "A nova economia demonstra que o desenvolvimento econômico e social é fundamental para a sustentabilidade dos negócios. O Cadastro Positivo é uma ação socioeconômica positiva na qual a visibilidade dos consumidores e empresas no mercado de crédito proporciona dois principais benefícios: melhor avaliação de crédito, reduzindo inadimplência e superendividamento, e inclusão financeira dos desbancarizados, por meio da possibilidade de acesso a recursos financeiros", pontua.

Por sua vez, Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis Brasil Digital, conclui que a inclusão desses 11 milhões de brasileiros que não têm conta bancária no cadastro positivo significa um avanço para as ferramentas de análise de crédito, segundo ele. "São milhões de brasileiros que podem ser beneficiados do seu bom histórico de pagamento para conseguir crédito mais barato, com uma análise mais criteriosa que tem potencial para reduzir sérios problemas enfrentados no mercado de crédito, como o superendividamento", afirmou Ferrari.

A transferência dos dados

A implantação do Cadastro Positivo acontece em ondas: a primeira envolveu o compartilhamento de dados do Cadastro Positivo dos clientes das instituições financeiras e a segunda abrangeu as operadoras de telecomunicações, que foi concluída em abril. A seguinte, já em andamento, compreende as concessionárias estatais e privadas de distribuição de energia elétrica. Elias Sfeir alega que é indispensável a entrada dos setores de saneamento e gás para que o Cadastro Positivo chegue a mais consumidores e empresas.

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