A suspensão do ?merger agreement?, acordo que previa a fusão das operações de telefonia celular BrT GSM e TIM, é apenas o começo do fim do ?imbroglio? em que a Telecom Italia estava metida, segundo analistas do mercado. A leitura dessa suspensão pelo mercado ainda não está clara. Segundo Felipe Cunha, do Banco Brascan, uma das conseqüências seria a Telecom Italia migrar esforços para comprar a parte do Citi e dos fundos na BrT, agora que rompeu o acordo com o Opportunity. Ou partir para a aquisição de outras operadoras. ?Os próximos passos ainda não estão claros. Uma das dúvidas é se continua válida a disposição da Telecom Italia de comprar a parte do Opportunity na BrT ou o que vai restar desse acordo?, diz Cunha. Fontes da Telecom Italia já disseram a esse noticiário que não há mais chance de aquisição das ações de Dantas na BrT (ver nota nesta edição).
Na opinião do analista Alexandre Garcia da consultoria Ágora Sênior, a Telecom Italia tomou uma decisão acertada visto que a situação da Brasil Telecom não dá sinais de se resolver. ?Eles vão querer negociar com quem sair vitorioso dessa questão societária; isso enfraquece a presença do Opportunity na Brasil Telecom?, afirma. Para a BrT, na opinião do analista, a suspensão do acordo também foi positiva, porque ?os termos que haviam sido negociados não eram tão interessantes?.
Já a analista Jacqueline Lison, do Fator, prefere não discutir o assunto, pois ainda não se sabe se o resto do acordo também foi suspenso. ?É difícil dizer o que eles (Telecom Italia) querem com isso. Há um monte de suposições", diz.
Clima pacífico
Um bom termômetro de como andam as relações entre Telecom Italia, fundos de pensão e Citibank pode ser o comportamento dos representantes do grupo italiano na última AGE da BrT, acompanhada por TELETIME News (o jornalista dispunha de ações que davam o direito de participar da assembléia). Não houve confronto. A Telecom Italia contestou o fato de não ter sido realizada reunião prévia da Solpart, se absteve nas questões mais polêmicas, como na liberação da BrT para processar os antigos administradores, e votou contra apenas quando o acordo firmado pela gestão Opportunity para a fusão entr TIM e BrT GSM foi qualificada como lesiva para a companhia. A Telecom Italia mostra-se disposta ao diálogo, mas existe um ponto de atrito: a postura do Citibank e dos fundos de pensão de continuarem interpretando que a Telecom Italia não é controladora da Brasil Telecom. Segundo os italianos, é o mesmo discurso do Opportunity quando ainda mantinha brigas na Justiça contra a TI. Para a Telecom Italia, seria justo que Citi e fundos aceitassem que a empresa já é parte do bloco controlador da Brasil Telecom. Seria uma demonstração de boa fé.