Operadoras enfrentam dificuldades para localizar escolas beneficiadas pelo Fust

Tiago Machado, diretor de relações institucionais da Vivo. Imagem: Marcos Mesquita/Teletime

Operadoras de banda larga vencedoras do edital de renúncia fiscal do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) têm enfrentado algumas dificuldades para contactar escolas e agendar a instalação da conectividade nas unidades. Vivo e Vero relataram esse problema nesta quinta-feira, 3, durante o Seminário Educação Conectada, realizado em Brasília.

Na avaliação das empresas, o problema seria com o desatualizado banco de informações dessas instituições de ensino. Em outubro do ano passado, a Vivo levou 13,5 mil das 16 mil escolas no edital de implementação do Fust na modalidade de renúncia fiscal, e teve de montar uma força tarefa: a tele mobilizou call centers para entrar em contato com as milhares de escolas da primeira etapa do projeto, a fim de agendar a instalação.

"Começamos a perceber que em 30% a 40% das escolas o telefone não existia ou estava desconectado", contou o diretor de relações institucionais da marca, Tiago Machado. Ele também disse que alguns dos endereços reais dessas instituições não eram o mesmo cadastrado no banco de informações fornecido à operadora. Segundo o executivo, esse problema não se limita apenas a cidades pequenas. "Estou falando também de um município grande, capital de estado", contou.

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"Começamos a enfrentar um desafio operacional ao enviar equipamentos em carros que viajam por duas horas até uma escola, sem saber se ela existe, se está aberta, se podemos falar com o diretor ou se teremos permissão para instalar os equipamentos", disse Machado.

Sem citar a cidade, o diretor mencionou um caso em que os técnicos chegaram a uma escola, mas se depararam com uma carta da secretaria municipal informando que não autorizaria a entrada para a instalação do projeto. "Isso aconteceu, e não estou falando de uma cidade pequena", relatou ele.

Para resolver esse problema, a Vivo sugere que o governo pense em criar um "data space", um grande banco de dados atualizado em tempo real com informações precisas sobre a localização, status, condições, contatos e a situação de cada escola brasileira. "A ferramenta ajuda muito na gestão das políticas públicas".

Outro desafio, diz ele, foi conseguir, em um curto período, a disponibilidade de estoque de equipamentos para instalação dos access point, no caso dos projetos de rede interna. "Fomos obrigados a contratar um avião para trazer equipamentos ao Brasil", disse.

O problema enfrentado pela Vivo também foi observado pela Vero – provedora mineira que ficou com 86 instituições de ensino no edital. "Acredito que os demais provedores do País também devem enfrentar situações similares", afirmou Thamyris Alonso, que é a gerente de relações institucionais, ESG e regulatório da empresa.

Já a secretária adjunta de educação do Rio Grande do Norte, Clarice Kozerski, aponta que uma das grandes dificuldades tem sido criar mecanismos para que os projetos de educação conectada não sejam desmontados com as trocas de governo. Para ela, é importante que se coloquem em leis alguns aspectos das polítcas de conectividade em escolas, para que se tornem projetos de Estado..

Execução

A falta de um banco de informações com telefones e endereços atualizados preocupa as operadoras porque existem prazos a serem cumpridos. No entanto, as companhias vêm conseguindo contornar esses desafios.

A Vivo, por exemplo, já se aproxima das 10 mil escolas que já foram conectadas com rede externa – entre as 13.572 que a empresa tem obrigação de levar a rede. Hoje, são ao menos 100 instituições por dia que são conectadas pela tele – velocidade comemorada por Machado.

Sandra Helena Ataíde de Lima, secretária de educação de Moju/PA. Imagem: Marcos Mesquita/Teletime

Já a Vero conta com a parceria do Instituto Escola Conectada para coordenar e agendar as instalações. "Eles nos apoiam no contato com as secretarias estaduais, que entram em contato com as municipais, para que possamos obter as plantas [das escolas], que serão entregues ao time responsável pelo projeto dos pontos de acesso", contou Thamyris Alonso.

Futuro

No entendimento de Machado, o Brasil avançou na governança das políticas públicas – considerando que o Fust ficou parado por 20 anos. No entanto, ele avalia que ainda é necessário progredir na relação entre governança e políticas públicas.

"Falando em recursos, nós só não conectamos mais escolas porque não havia mais Fust para usar. Sendo muito transparente, a gente tem apetite para fazer mais. O Fust não pode acabar nem sofrer contingenciamento. É essencial discutirmos, junto ao Legislativo, uma reformulação que garanta a longevidade dessa política pública e a proteção da execução. Isso deve ser um compromisso de País, de setor e de Estado", afirmou.

A Vero também tem interesse em seguir colaborando com a política de conexão às escolas. De acordo com Thamyris Alonso, a provedora (que hoje soma 1,4 milhão de acessos no País), deve participar de forma mais ampla de futuros editais. O MCom, inclusive, quer realizar uma nova chamada para renúncia fiscal do Fust ainda neste primeiro semestre

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