A Lightera, nova marca global do Grupo Furukawa Electric para operações de cabos de fibra óptica anunciada no mês passado, tem planos para incrementar a produção no Brasil e quer crescer no mercado de data centers, afirmou o CEO e chairman, Foad Shaikhzadeh, em coletiva de imprensa virtual realizada nesta quinta-feira, 3, por ocasião do lançamento oficial da unidade.
Segundo o executivo, com a unificação das operações globais, a empresa se torna mais ágil e elimina o atrito que havia entre as divisões regionais no atendimento a clientes.
Especificamente para o Brasil, Shaikhzadeh – até então CEO da Furukawa Electric Latam e agora no comando da operação global – adiantou que a empresa tem projetos em estudo para produção de fibras especiais, como as do tipo hollow core e multicore. A intenção é atender setores que demandam velocidades mais altas de transmissão de dados e baixa latência, como o financeiro.
Além disso, o CEO destacou que a fábrica da empresa em Curitiba já tem capacidade para produzir cabos ópticos com até 1.728 fibras, embora a demanda local ainda seja preponderante por equipamentos de até 288 fibras.
Shaikhzadeh, contudo, salientou que a empresa unificada tomará decisões de produção levando em conta a demanda regional, sobretudo em um contexto de ampliação das barreiras ao comércio internacional.
"Por enquanto, cabos de maior capacidade ainda não têm demanda no Brasil, mas achamos que temos muitas oportunidades no País", pontuou, em entrevista direta da OFC Conference, em São Francisco, na Califórnia (EUA), onde a Lightera foi oficialmente lançada.
Data centers
O executivo indicou que a empresa quer explorar mais o mercado de data centers. Segundo ele, atualmente, os hyperscalers – como Google, Amazon, Meta e Microsoft – dominam 75% do tráfego de dados global e fazem investimentos em redes ópticas para aperfeiçoamento dos seus serviços, como a implantação de cabos submarinos. Enquanto isso, operadoras e provedores perdem espaço no mercado de fibra.
"Estamos nos preparando para atender esse mercado de data center", reforçou, acrescentando que a empresa também tem planos nessa área para o Brasil, ainda que o mercado nacional represente cerca de 3% dos negócios de centros de dados no mundo.
De todo modo, Shaikhzadeh comentou que, caso cabos ópticos não entrem na lista de exceções do governo de Donald Trump para aplicação de tarifas de importação, a produção brasileira de componentes de ultracapacidade para data centers pode ser exportada para os Estados Unidos. Isso porque a tarifa geral de 10% para produtos brasileiros é menor do que a de países como Japão (24%).
Inclusive, o CEO disse que a companhia está estudando como e se remanejará a sua produção global diante da política comercial do governo Trump. Para que o Brasil se beneficie, defendeu uma reformulação do Processo Produtivo Básico (PPB) e políticas de proteção à indústria local, para contrabalancear, por exemplo, a entrada de fibra chinesa.
"O Brasil precisa acreditar que pode ter uma indústria forte. Nós queremos uma política industrial clara", afirmou.
Nova estrutura
A Lightera irá operar por meio de quatro divisões regionais: América do Norte; América Latina, Europa, Oriente Médio e África (Latam/EMEA); Ásia-Pacífico; e Specialty Photonics, dedicada a aplicações especiais de fibra. A holding segue no Japão, enquanto o centro operacional fica em Norcross, no estado da Geórgia (EUA). Os executivos ficam espalhados pelo mundo.
Shaikhzadeh assegurou que a unidade unificada continua sob o comando do Grupo Furukawa Electric e, inclusive, alguns produtos vão manter a marca antiga.
"A nova marca deveria mostrar que não é de apenas um país. Então, escolheu-se uma marca em língua inglesa, por ser o idioma de negócios globalmente", disse o CEO, lembrando que o nome pode ser entendido como "era da luz". "A ausência de luz significa falta de comunicação e interação com o mundo", explicou.