O Brasil já tem exemplos de cidades e, inclusive, estados inteiros que conseguiram conectar 100% das escolas – mesmo em regiões remotas. Esse é o caso do Rio Grande do Norte, do Mato Grosso e do município paraense de Moju. Mas a educação conectada exige mais do que uma banda larga veloz: a avaliação dos gestores públicos e do setor de telecom é de que os dispositivos são fundamentais para uma educação transformadora.
"Quando falamos de dispositivos, é importante definir quais são as características mínimas do aparelho, mas nós não olhamos somente para isso. O nosso foco tem sido em garantir as habilidades e as capacidades que o dispositivo deve ter para se adequar ao uso educacional", disse diretor de tecnologia da informação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Delson Pereira da Silva, que prepara para as próximas semanas a publicação de uma ata pública de referência para a aquisição de dispositivos conectados para escolas.
"Buscamos criar referências para que a rede [municipal ou estadual de ensino] tenha uma lista de equipamentos que sejam mais adequados para cada projeto", explicou o diretor do FNDE.
Escolher os requisitos dos equipamentos para as escolas foi um dos principais desafios para o município de Moju (PA), segundo contou a secretária de educação da cidade, Sandra Helena Ataíde de Lima.
Mas antes disso, a grande empreitada foi conseguir levar conectividade para todas a rede de ensino do município – que tem quase duas vezes o tamanho do Distrito Federal e é marcado pela grande extensão de áreas rurais e quilombolas, cortadas por cursos d'água que dificultam logísticas de transporte.
No início do ano passado, a Prefeitura de Moju adquiriu mil laptops Chromebook por meio de um pregão, cujo investimento foi de R$ 2,2 milhões. Segundo a secretária, esse modelo de computador foi escolhido porque a rede de ensino já utilizava a suíte de serviços do Google para educação. "Estamos muito longe ainda de ter um notebook para cada cinco alunos, mas já estamos nos programando para isso", disse Lima. Ela ressaltou, contudo, o desafio de fazer as contratações sem ainda ter certeza de quais as aplicações que serão demandadas no futuro. "Hoje, dependemos de uma rede de parceiros, como Google, MegaEdu, MEC para nos orientar sobre o que será necessário, mas nós temos que fazer muita pesquisa", disse.
Capacitação
Segundo Delson Pereira da Silva, "adquirir os equipamentos não é a ponta final". Isso porque ele avalia que os profissionais de ensino devem ser capacitados para explorar ao máximo o potencial das ferramentas digitais associadas ao processo educacional.
Para a secretária executiva da Secretaria de Educação do Mato Grosso, Flávia Soares, a chamada "intencionalidade pedagógica" é essencial. Nesse sentido, segundo ela, o papel dos estados é fomentar o desenvolvimento de competências digitais não apenas entre os alunos, mas também entre os professores.
Para o diretor de relações governamentais da Qualcomm, Maximiliano Martinhão, o Brasil faz um grande esforço para levar Internet às escolas por meio da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (Enec) – projeto para universalizar a conectividade nas escolas públicas de educação básica. Ainda assim, ele destacou a importância de avançar com os novos recursos no meio educacional.