Open RAN ainda aparece como conceito, mas cloud se materializa em Barcelona

Abertura do MWC 2022 em Barcelona

Se o Open RAN tem sido, há alguns anos, um tópico importante nas discussões tecnológicas para o setor de telecomunicações, ainda não foi na edição deste ano do Mobile World Congress (MWC 2022), que aconteceu esta semana em Barcelona, que o debate chegou ao mundo real.

Ou seja, ainda não há casos de uso concretos, e o ritmo de desenvolvimento dos caso de negócio ainda parece lento. Houve anuncio de novas parcerias e colaborações entre os fornecedores que apostam na plataforma aberta, mas as operadoras que parecem mergulhar para valer na proposta ainda são as mesmas, com destaque para Vodafone, Telefónica, Rakuten e a entrante Dish, nos EUA. Nenhuma delas, contudo, ainda com casos reais, mas com muitos anúncios de demonstrações, parcerias e acordos de cooperação com diferentes fornecedores.

Entre as operadoras, a Vodafone foi a mais agressiva, ao anunciar a expectativa de 30% da rede europeia com Open RAN em 2030. A Telefónica detalhou seu caso, mas deixando clara a complexidade do processo e uma certa decepção com o ritmo lento na queda de custos esperada.

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Mas as expectativas seguem altas. A fornecedora Mavenir, forte fomentadora do conceito de Open RAN, por exemplo, divulgou pouco antes do MWC 2022 uma pesquisa com operadores de todo o mundo em que constata que 94% das operadoras móveis teriam planos de implementar Open RAN nos próximos anos, mas sem detalhar se em caráter de teste ou em operações reais, e se em toda a cadeia de elementos da rede de acesso ou apenas em elementos na camada de software. A mesma pesquisa apontou que 78% das operadoras já estão passando pelo processo de virtualização (transformar elementos baseados em hardware em software).

As razões para a aparente lentidão para que o Open RAN saia da fase de testes e ganhe modelos operacionais reais são conhecidas: grande complexidade de integração, preocupações com a orquestração de todos os elementos, o conflito entre seguir o caminho seguro do single RAN nas novas operações de 5G ou partir para uma estratégia de redes abertas, mas menos testadas, os custos que ainda não parecem vantajosos etc.

A posição dos tradicionais

Entre os grandes fornecedores de equipamentos de telecomunicações, o quadro começa a ficar mais bem delimitado. De um lado, a Huawei, líder global entre os fornecedores de rede, para quem a proposta do Open RAN não faz nenhum sentido. A fabricante chinesa entende que a complexidade de uma rede móvel, sobretudo no 5G, inviabiliza um modelo aberto tanto em termos de custo quanto em funcionalidades.

A Ericsson participa das iniciativas de padronização do Open RAN, e parece disposta a incorporar algumas interfaces ORAN na sua linha de produtos, mas para a empresa o conceito funcionará na parte virtual da rede, mais dentro do um conceito de OpenCloud do que na diversificação de elementos da rede de acesso propriamente dito. A razão para isso também é simples: a Ericsson tem o maior market share entre as operadoras ocidentais, no modelo single RAN. Fragmentar o hardware não é exatamente vantajoso para a Ericsson, mas na camada de software e nas funções da rede que ficarão em nuvem, pode haver vantagens.

A Nokia é a fornecedora tradicional mais desafiada nesse momento no cenário competitivo e por isso parece ser a mais disposta a abraçar o Open RAN. A ideia da empresa, como noticiado aqui, é ser a ponte entre o mundo da arquitetura aberta e a complexidade dos sistemas integrados e dedicados que ela domina, sobretudo na parte de core, onde poucos fornecedores Open RAN se aventuram.

Cloud como imperativo

O que se viu no MWC 2022 foi a presença intensa e com muito destaque dos principais fornecedores de cloud do mundo. AWS, Microsoft, Google e SalesForce, além da Huawei, eram presença constante nos debates, tinham programação dedicada nas sessões do congresso e tinham grandes estandes, todos impulsionando a importância de que as operadoras de telecomunicações acelerem seus processos de transformação digital. Também foram vários os operadores que trouxeram seus casos de virtualização e seus processos de migração para a nuvem, mostrando que nesta frente o caminho parece estar mais bem pavimentado. 

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