Indra Group adquire operadora de satélites Hispasat

Foto: Divulgação

O grupo espanhol de defesa e tecnologia Indra Group confirmou na última sexta-feira, 31, a aquisição da operadora de satélites Hispasat (também espanhola e dona da brasileira Hispamar).

Por 89,6% do negócio, a Indra vai pagar 725 milhões de euros à Redeia Corporación, grupo elétrico atual controlador da empresa satelital. Para a operação, foi obtido financiamento de 700 milhões de euros, com recursos do caixa completando o montante.

A operação depende de aprovações regulatórias e de aval dos acionistas da Indra – que presta serviços governamentais para a Espanha nas áreas de defesa, segurança, inteligência e relações exteriores. O governo espanhol é o maior acionista da compradora, detendo 28% do negócio por meio da Sociedad Estatal de Participaciones Industriales (SEPI).

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"A aquisição é o resultado do desejo da Infra em garantir o controle das comunicações no espaço, um tema de crescente importância nos mundos civil e militar", indicou a Indra em comunicado emitido nesta segunda-feira, 3, onde detalhou o negócio. O fechamento da aquisição está previsto para o último trimestre de 2025.

Este não é o único movimento estratégico recente da Espanha no mercado de telecomunicações. Em janeiro, o então presidente da própria Indra, Marc Murtra, foi nomeado como novo CEO da Telefónica. A mudança teve apoio do governo espanhol e foi lida como uma forma de reforçar a soberania do país sobre ativos estratégicos.

No caso da Hispasat, a empresa atua também no mercado de satélites brasileiro, tendo inclusive um acordo estratégico com o governo Lula para desenvolvimento de um novo sistema de conectividade. Tradicional operadora do ramo no País, a subsidiária Hispamar também tem parceria com a Telebras.

Indra Space

Segundo a Indra, a intenção com o negócio é somar as capacidades da Hispasat e da Hisdesat (subsidiária focada em defesa e segurança) no desenvolvimento de uma nova companhia focada no mercado espacial, e que deve se chamar Indra Space.

"A ambição do Grupo Indra é alcançar uma participação significativa nos setores espaciais espanhol e europeu. Primeiramente, pretende aumentar sua presença em programas-chave e se tornar um player europeu de nível Tier-1", detalhou a empresa.

O comunicado também destaca o envolvimento do grupo em grandes iniciativas do setor espacial como os projetos IRIS², Galileo, EGNOS e Copernicus, além de ter ambições de expandir-se para áreas futuras, como vigilância espacial, PNS (posicionamento, navegação e sincronização) em órbita baixa (LEO PNS) e programas avançados de observação da Terra.

"Olhando para 2030, a visão é clara: Hispasat e Hisdesat estão se preparando para se tornar verdadeiros operadores multi-orbitais, com 85% de suas receitas provenientes de GEO HTS [satélites geoestacionários de alta capacidade de transmissão de dados] e papel de destaque em programas espaciais de ponta, como o IRIS², a iniciativa multi-orbital europeia".

Outro plano da Indra é alcançar uma fabricação industrializada em larga escala de elementos aviônicos, de links entre satélites e outros componentes, buscando uma estrutura integrada e fim a fim no segmento. "Essa abordagem aproveitará a experiência industrial da Indra para atender à crescente demanda por satélites miniaturizados e posicionará a Indra Space na vanguarda da tecnologia de satélites do futuro".

Financeiro

Do ponto de vista financeiro, a compradora estima que sinergias com a Hispasat suportem uma geração de Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) entre 20 milhões e 30 milhões de euros em 2026, crescendo para 50-70 milhões de euros em 2030.

"Até 2026, espera-se que a Hispasat e a Hisdesat também contribuam significativamente para as metas financeiras do Grupo Indra, gerando 400 milhões de euros em receitas", prosseguiu a Indra.

"Este é mais um passo para nos posicionarmos na vanguarda da indústria espacial europeia e alcançar nosso objetivo de 1 bilhão de euros em receitas espaciais até 2030, […] liderando o design e a fabricação de satélites LEO/MEO e iniciativas de segmento terrestre", afirmou o CEO da Indra Group, José Vicente de los Mozos.

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