Anatel indicará espectro para WiFi6e dia 10; gigantes de tecnologia pedem toda a faixa de 6 GHz

Espectro, frequência, faixa. Foto: Pixabay

A Anatel marcou para o dia 10 de dezembro reunião extraordinária do conselho diretor para decidir alguns itens importantes da pauta regulatória. Serão analisados dois processos: 1) a "proposta de especificação técnica para o uso da faixa de 5.925 MHz a 7.125 MHz por equipamentos de radiocomunicações de radiação restrita", que nada mais é do que a proposta de consulta pública para a destinação da faixa de 6 GHz, que pode ser encaminhada para uso não-licenciado, como o WiFi6e, ou ter parte reservada para o 5G; e 2) o pedido de reconsideração das operadoras Vivo, TIM, Claro e Algar contra a decisão do conselho diretor de setembro, que definiu as regras gerais para a renovação das bandas A e B (entre 80 MHz e 900 MHz) que vencem entre 2021 e 2025. Na ocasião a Anatel definiu que a renovação acontecerá até novembro de 2028, com contrapartidas de infraestrutura e valoração pelo VPL. 

Mas o item que deve gerar maior atenção é mesmo a consulta pública sobre a definição sobre a faixa de 6 GHz, pois há duas teses opostas confrontadas pela agência. De um lado, estão empresas de tecnologia, Internet e algumas operadoras, que defendem que a totalidade da faixa de 6 GHz (1,2 GHz de banda) seja destinada ao uso não-licenciado, como acontece nos EUA. Ou seja, seria uma faixa que independe de outorga da Anatel, como hoje acontece com as faixas em que opera o WiFi (2,4 GHz e 5 GHz). E de outro há alguns fornecedores tradicionais de equipamentos de telecomunicações, grandes operadoras de celular e a GSMA (associação global das operadoras móveis) que defendem que apenas 500 MHz sejam alocados para uso não-licenciado, ficando o restante dependente de eventuais estudos para destinação ao IMT, o que poderia fazer com que esta faixa venha a ser utilizada para o 5G ou evoluções, por exemplo. A TIM e a Telefônica, por exemplo, já se manifestaram sobre o assunto, como pode ser lido aqui e aqui

Coalizão pelo WiFi6e

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No último dia 23 de novembro, foi enviada ao conselho da Anatel uma carta com 21 signatários, incluindo todas as principais empresas de Internet globais, alguns dos maiores fornecedores de tecnologia e associações setoriais representativas de operadores de banda larga, além da Oi. Esta manifestação da chamada "Coalizão WiFi6e Brasil" defende a destinação integral da faixa para uso não licenciado. Segundo os signatários da carta, esta faixa de 6 GHz é essencial para o pleno desenvolvimento do WiFi6e em toda a sua potencialidade, permitindo aplicações similares às do 5G, o melhor off-load da rede móvel (quando usuários de 5G passam para as conexões WiFi domésticas com a mesma experiência) e o desenvolvimento de novas funcionalidades em dispositivos que hoje dependem de conexões WiFi, como dispositivos de realidade virtual, realidade aumentada, games e redes domésticas para vídeos em altíssima definição.

Segundo a carta, "para que o Wi-Fi funcione adequadamente e possa cumprir o propósito de expandir a conectividade no Brasil, é necessário que se tenha acesso adequado ao espectro. Nesse contexto, a destinação da faixa de 6 GHz, em toda sua extensão, é fundamental para a continuidade de crescimento do Wi-Fi. A faixa de 6 GHz é vocacionada para possibilitar operações Wi-Fi, já que as características de propagação de suas radiofrequências são semelhantes às da faixa adjacente de 5 GHz, que suporta as atuais operações de Wi-Fi, apesar de suas limitações". Ainda segundo a manifestação, "a proximidade da faixa de 6 GHz com a faixa de 5 GHz (onde hoje já operam os dispositivos WiFi) possibilita que os dispositivos existentes possam ser prontamente reprojetados. Mais importante ainda, a faixa de 6 GHz permite a operação de blocos de espectro contíguos para acomodar canais de 160 MHz, que são necessários para aplicações de grande largura de banda, como streaming de vídeo de alta definição e realidade virtual".

Para os signatários, "uma destinação robusta de espectro não licenciado, que leve em consideração as necessidades futuras do país, contribuirá para adoção, pela Anatel, de medidas voltadas a superar o abismo digital existente entre centros urbanos e zonas rurais, e em áreas urbanas mal atendidas (…). Tal incremento em níveis de cobertura, a preços acessíveis, combinado com o aprimoramento da tecnologia Wi-Fi, certamente aumentará a disponibilidade de banda larga em todo o país, beneficiando em especial a população sem acesso ou mal atendida", aponta o documento, citando ainda ganhos econômicos. Conforme a coalizão, o valor econômico acumulado entre 2020 e 2030 associado à destinação de 1.200 MHz na faixa de 6 GHz para uso não licenciado será de US$ 112,14 bilhões em contribuição para o PIB.

Assinam a carta e integram a coalizão as empresas Amazon, Apple, Broadcom, Cisco, Cambium, Commscope, Edgecore, Facebook, Google, HPE, Intel, Microsoft, Qualcomm e Oi, e ainda as associações Abranet, Abrint, Neo, Camara.E-Net, Dynamic Spectrum Alliance, LAC.ISP e Telcomp. Confira aqui a íntegra da manifestação para a Anatel.

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