Estratégia de fibra da Oi passa por franquia, atacado e rede neutra

Foto: Pixabay

A estratégia de fibra da Oi é multifocal, passando por iniciativas para infraestrutura de capacidade no mercado e para o modelo de franquias em parcerias. A operadora espera que isso promova o aumento da capilaridade de modelo complementar à rede de transporte, além de trazer flexibilidade para atender as diferentes características dos parceiros e melhorar o time-to-market para as regiões de atuação com os ativos disponíveis. "O modelo da Oi vai ser importante para os ISPs, e vai nos ajudar na cobertura de FTTH e aumentar o negócio de atacado", declarou o COO da tele, Rodrigo Abreu, durante teleconferência de resultados nesta segunda, 2.

"Estamos começando a operação de franquias para permitir formar as operações em áreas onde não atuamos e não tem sido priorizadas", afirma. A proposta é usar a vantagem da presença do backbone e do backhaul da companhia nessas regiões, permitindo participar indiretamente nesses mercados e com redução de custos para disponibilizar a própria infraestrutura. Vale lembrar que a Telefônica já está atuando com modelo semelhante de franquia com ISPs.

Há ainda outro modelo proposto para "algumas áreas": o de uma rede de fibra neutra. Com isso, as companhias podem acelerar investimentos ao utilizar a infraestrutura em parceria com a Oi. "Faz sentido fazer isso onde temos menor presença na infraestrutura. Esperamos anunciar algum acordo no futuro próximo", declara.

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Competição

Para Abreu, o ambiente competitivo com ISPs e outros grandes players não é um cenário novo, uma vez que muitas empresas têm procurado concentrar os esforços em banda larga. Mas ele entende que a Oi tem vantagem competitiva por já ter a fibra "no chão", o que a permite selecionar melhor as áreas onde consegue melhor tração. Ele diz que, mesmo onde compete com os provedores regionais, a operadora aposta no poder competitivo com qualidade do serviço e no atendimento, além do preço. 

O executivo destaca ainda o peso do legado dos competidores. Sem citar nomes, mas claramente se referindo à Claro/Net, Abreu diz que a estratégia de colocar fibra até o armário (FTTc), e depois utilizar a última milha em cabo coaxial (HFC), "foi bem sucedida, mas se olhar para o futuro, há limitações técnicas". Por conta disso, diz haver vantagem competitiva com o FTTH. "Isso também é válido para o segundo player, que não era FTTH, mas FTTc com DSL na última milha. Isso permitia velocidades interessantes, mas agora já tem limitações que leva à migração da estratégia para a fibra", declara.

Desempenho da fibra

Apesar da queda de 13,5% na receita residencial, a companhia tem observado aumento nas receitas em FTTH. Em 12 meses, houve crescimento de R$ 11 milhões para R$ 78 milhões. A empresa diz que a penetração por "safra" (períodos específicos) aumentou, apresentando uma taxa de ocupação (take-up rate) acima de 13% após dois meses de construção da fibra passada. 

Rodrigo Abreu afirma que a taxa de take-up não é baixa, comparando-se com a de outras operadoras que, segundo ele, levam quase três anos para atingir o mesmo índice. "É uma questão de afinação precisa e estratégia comercial e de implantação, com métricas melhores para vermos aonde vamos instalar em seguida", declara.

Segundo o executivo, há diferença no desempenho da base entre as cidades que não têm fibra (queda de 14,5%) em relação às que tem o FTTH (redução de 3,6%). Nestas, mesmo onde há queda no número de assinantes, há aumento na receita, segundo Abreu. "No último mês, já começamos a ver que as vendas de fibra são maiores do que a combinação das vendas de todas as tecnologias legadas", afirma.

Outra frente atacada pela Oi é a do mercado não regulado. As receitas reguladas continuam a cair (36,3% nos nove meses do ano comparado a 2018, totalizando R$ 241 milhões) por serem baseadas em EILD e cobre, mas as do mercado não regulado mostraram crescimento com o aumento de ofertadas de atacado e em áreas onde a empresa pode ter crescimento – conexões IP (fibra para ISP), fibra até a torre (FTTower), monetização de infraestrutura (FTTCity) e em franquias. Essas receitas aumentaram 3,2%, somando R$ 516 milhões também no acumulado do ano. Além dessas, a receita de aluguel de infraestrutura totalizou R$ 711 milhões, avanço de 11,8%. Desta forma, o mix do não regulado passou de praticamente metade em 2017 para 68% atualmente.

Novo modelo

Rodrigo Abreu comentou ainda sobre a aprovação do PLC 79, agora como a Lei nº 13.879/2019, que muda o marco legal do setor. Ele diz que isso tornou mais fácil qualificar os ativos em bens não reversíveis, mas que ainda tem "muitos passos para a regulação da nova lei, que poderá acontecer em 12 a 18 meses a serem completados", com os resultados sendo colhidos apenas depois disso. Até lá, a Oi tenta atuar com a regulação atual, trazendo mais valor para a fibra, a móvel, o atacado e o B2B. "Esperamos que a infraestrutura legada ainda continuará a ser âncora dos resultados ainda por algum tempo, mas no fronte operacional e de regulação, estamos tentando e claro que ainda teremos mais detalhes [a serem resolvidos]", 

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