Disputa por desvinculação de ativos estaria por trás de briga entre Tanure e TIM

Uma tentativa de negociação frustrada entre o empresário Nelson Tanue e a operadora TIM seria o pano de fundo de uma disputa que levou o acionista minoritário a denunciar a empresa à CVM, no Brasil, e à SEC, nos Estados Unidos.

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Segundo fontes do mercado que acompanham de perto a empresa, Tanure vem há algum tempo tentando se livrar de ativos (ações) que  detém na TIM, frutos da negociação que colocou a Intelig nas mãos da operadora móvel. Pelo negócio firmado em 2009, o empresário ficou com uma pequena fração da operadora, em ações (cerca de 10% do total de papéis).

No entanto, estes ativos ficariam bloqueados para a venda, por tempo indeterminado, devido a um passivo de R$ 70 milhões deixado por ele na antiga Intelig. “Ele quer liquidez, precisa ter dinheiro na mão. A estratégia é: faz barulho para que a empresa se livre logo dele [deixando-o vender sua participação de aproximadamente 5% na operadora]”, disse a este noticiário um analista de mercado que preferiu não se identificar.

Entre os motivos que estariam por trás do interesse de Tanure em se desfazer de suas ações na TIM estaria o iminente bloqueio de parte de seus bens para pagamento de débitos, hoje em discussão na Justiça.

O analista afirmou que não aposta em problemas mais agudos para a TIM nestas investigações. “Se as questões estão endereçadas apenas pelas denúncias do Tanure, não tem nada de muito interessante. Até que qualquer investigação mais séria seja concluída, temos que observar que a TIM é uma empresa que está no novo mercado da Bolsa. E, para isto, ela segue padrões”, destaca.

Outro analista que preferiu não se identificar disse crer no posicionamento da empresa, divulgado nesta tarde. “A empresa se defendeu de maneira clara, por isso é difícil acusar a TIM antes de um estudo maior dos órgãos competentes”. No documento mencionado pelo analista, a empresa afirma que os valores reportados nas demonstrações financeiras, inclusive as tributárias, foram feitas com o cumprimento de regras contábeis. A empresa também alega que seus balanços foram submetidos à avaliação de auditorias externas e independentes.

Pedro Galdi, analista do mercado de telecomunicações pela SLW, também se mostrou cético quanto à veracidade das acusações de Tanure. No entanto, ele destaca que caso seja comprovada a fraude, a TIM terá de enfrentar problemas com o regulador e com a desconfiança dos investidores, que passariam a olhar para os ativos da companhia com menos credibilidade. “Faz o papel cair, ainda mais com esta nuvem negra que anda por cima da empresa. Um dia é problema com o presidente, no outro com a qualidade, ou com a história de que estaria derrubando chamadas…”.

Bolsas

Por conta desses rumores, as ações da TIM (TIMP3) caíram 3,55% nesta terça-feira, 2, cotadas a R$ 7,58. A controladora da empresa, a Telecom Italia, também sentiu os efeitos das denúncias e teve queda de 1,24% ao final do pregão na Bolsa de Milão. Ao longo do dia, os papéis da TIM chegaram a cair quase 8%.

Entenda o caso

O empresário Nelson Tanure denunciou a TIM, na qual ele é acionista minoritário, aos órgãos que controlam as Bolsas de Valores de São Paulo e Nova York. A acusação se baseia na alegação de que a companhia teria elevado artificialmente os lucros da TIM no Brasil. Segundo Tanure, a companhia somou aos seus resultados uma quantia provisionada para o pagamento de dívidas: embora a dívida cobrada seja de R$ 6,6 bilhões de reais, a quantia provisionada no balanço seria de apenas R$ 126 milhões.

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