Embora globalmente as receitas tenham mostrado declínio, as aplicações de vídeo continuam sendo um importante fluxo para as operadoras de satélite que atendem à América Latina, incluindo o Brasil. Prova disso é que no planejamento de várias empresas, a capacidade para esse serviço continua sendo uma das principais, se não a principal força. Por outro lado há uma tendência também em caminho de um mundo híbrido.
O serviço de vídeo continua sendo um dos principais focos da Hispamar, operadora controlada pelo grupo espanhol Hispasat. Segundo o chairman da empresa, Clóvis Baptista, após "resultados considerados exitosos" em 2020, a companhia desenho um plano estratégico até 2025 que visa transformá-la em uma provedora de serviços. Por isso, adquiriu neste ano os ativos da Media Networks, que estavam com a Telefónica (no Brasil, a Vivo continua cliente do DTH), para fortalecer a capacidade de entrega do conteúdo.
"Estamos cientes que o vídeo está em declínio, mas ainda é um componente muito importante para o nosso negócio", destacou Baptista nesta quinta-feira, 2, durante painel com principais executivos da área no Congresso Latinoamericano de Satélites. Especificamente para a América Latina, o executivo diz que ainda não está percebendo queda acentuada, nem em curto prazo. "Sabemos que vai acontecer, estamos atentos com a emergência de outros tipos de soluções para distribuição de conteúdos, mas diria que, no momento, fizemos investimentos em plataformas para continuarmos fortes atores nesse negócio."
No final de 2022, a Hispamar espera lançar o Amazonas Nexus, um satélite HTS com banda Ku, propulsão elétrica, mas ainda em órbita geoestacionária. Com isso, espera endereçar mercados de mobilidade aérea e marítima, além de oferta de backhaul e banda larga rural.
Perguntado sobre um possível interesse no modelo das órbitas baixas (LEO), o executivo afirmou que não há nenhuma perspectiva de investimento no plano estratégico. Mas adiciona: "Estamos dispostos a conversar e fazer parcerias estratégicas".
Híbrido
A aposta no híbrido é a abordagem da SES. A companhia tem se preparado nos últimos anos para as mudanças, apesar de que o ritmo não está sendo intenso, de acordo com o VP de vendas da SES, Jurandir Pitsch. "Mostrou queda muito mais lenta do que todo mundo esperava, embora a gente há tempo perceba que é inexorável uma hibridização", destaca.
Isso significa incorporação de serviços de DTH com os de over-the-top (OTT), além de possibilidade de uso de cloud para CDNs por meio de satélites geoestacionários, uma vez que a aplicação de vídeo não demanda latência baixa. Para Pitsch, esse é o futuro do vídeo, com OTT "totalmente integrado". A SES trabalha com foco em B2B e carriers, e tem destacado a constelação mPower em órbita média como uma forma "melhor e mais econômica" de atender aos clientes.