A retomada do mercado de mobilidade após forte impacto gerado pela pandemia de covid-19 faz parte da estratégia de algumas das principais operadoras de satélites que atendem a aviação civil com conectividade.
Durante o Congresso Latinoamericano de Satélites (organizado por TELETIME e Glasberg Comunicações), o futuro da vertical foi abordado pela Intelsat. A operadora adquiriu a divisão de aviação civil da Gogo durante a pandemia e atende as companhias aéreas Gol e Latam no Brasil. Após a incorporação, a área foi renomeada para Intelsat Inflight.
Gerente geral da operadora no País, Márcio Brasil apontou uma retomada rápida do segmento, mas também defendeu a criação de novos modelos de oferta para os viajantes. Uma possibilidade seriam parcerias com operadoras móveis, a exemplo do que a Intelsat faz com a T-Mobile nos Estados Unidos, onde oferece a conectividade em voo como benefício para seus clientes.
Brasil lembra que a Intelsat está colocando o 5G como parte importante da estratégia, que passa por uma rede unificada, multiórbita e definida por software ao lado de parceiros. Clientes de Internet das Coisas e fintechs também são clientes em potencial vislumbrados.
Capacidade
No caso da SES, há expectativa de ampliar a cobertura para aviação civil com ajuda do SES-17, que será lançado neste ano, sendo o artefato de maior throughput da empresa. O projeto foi feito com um parceiro, um "cliente âncora importante", que já contratou mais de 40% da capacidade para a aplicação.
Segundo o vice-presidente de vendas da SES, Jurandir Pitsch, apesar da queda no segmento de mobilidade observada durante as restrições de viagens por conta da pandemia, ainda há uma expectativa de crescimento forte.
"A verdade é que tem uma grande quantidade de aviões não conectados, e a velocidade [da banda larga] dentro do avião está aumentando bastante, de 20 para 200 Mbps, e exige capacidade e arquiteturas novas", declara o executivo.
Retomada
Mas a recuperação do segmento de mobilidade foi colocada em outra perspectiva pelo analista principal da consultoria NSR, Lluc Palerm. Durante o Congresso, o especialista apresentou expectativas de recuperação mais robustas para outras verticais atendidas pela cadeia, como conectividade, backhaul, defesa e até mesmo vídeo.
Dessa forma, a empresa não vê o segmento de mobilidade retomando os níveis pré-pandemia antes de 2023, conforme aponta a projeção abaixo.
Ainda assim, o diretor da Viasat no Brasil, Leandro Gaunszer, notou que mesmo durante a pandemia, negócios importantes junto a clientes da aviação civil foram celebrados pela companhia – passando por Azul e as estrangeiras Delta e KLM. Agora, a expectativa é que o segmento cresça, uma vez que quase um terço da receita pré-pandemia da Viasat era associada à mobilidade. (Colaborou Bruno do Amaral)