Lembro da icônica capa de um respeitado periódico americano afirmando que "dados" ultrapassaram o petróleo como o recurso mais valioso no mundo moderno! Eram os idos de 2017, um mundo jurássico se comparado ao de hoje onde a Inteligência Artificial cria "fatos" e a sociedade começa a se perguntar se fomos além do ético e moral.
Como a história registra, tudo aquilo que já foi visto como valoroso despertou a cobiça humana. Já tivemos o sal, o ouro, o café, … e assim não seria diferente com a riqueza do mundo digital: os dados. Uma pesquisa recente realizada conjuntamente pela IBM e pelo Ponemon Institute analisou 550 empresas que relataram incidentes de violação de dados, em 17 países diferentes, concluindo que o custo médio de uma única violação de dados numa corporação alcança US$ 4,35 milhões. Os Estados Unidos lideram essa lista que tem o Brasil na 16ª posição, com um custo médio por violação 7x menor que o americano.
É preciso cuidar dos dados da sua organização e dos seus clientes. Esse é o "G" maiúsculo do ESG em TICs!
Considerando que o número de usuários de internet dobrou no Brasil em 10 anos, a preservação dos dados que trafegam e que são armazenadas e nuvem passou a ocupar um lugar de destaque nas empresas de tecnologia, que investem cada vez mais em segurança cibernética. Arrisco dizer que, em até 5 anos, a governança no mundo virtual alcançará nível tão elevado quanto o que hoje é dispensado às demonstrações financeira das organizações. Certificações como a ISO 27.001 se tornarão mais frequentes e guias de boas práticas se proliferarão para demonstrar a aplicações das melhores práticas de proteção de dados.
Falando em boas práticas, a notícia do texto da proposta apresentada e negociada pela ANATEL sobre segurança cibernética ter sido aprovada na sessão anual do Conselho da União Internacional de Telecomunicações (UIT), na segunda quinzena de julho, vem nessa linha. Riscos em segurança cibernética já vem sendo de abordados na UIT que, em 2015, lançou o primeiro Global Cybersecurity Index, avaliação que aborda os aspectos legais, técnicos, organizacionais, letramento e cooperação entre os países membros sobre o tema.
Num mundo em que a sociedade está cada vez mais digitalmente exposta, por sua própria vontade, os dados são o novo "tesouro" e os ataques à cibersegurança os novos "corsários".
*Sobre o autor: Marcio Lino é sócio fundador da Colin Consultoria, executivo do setor de tecnologia e colabora periodicamente com TELETIME sobre temas da agenda ESG. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem o ponto de vista de TELETIME.