Monetizar nas novas plataformas é possível

Um dos grandes desafios dos operadores com novas plataformas é achar um modelo de negócios que permita gerenciar conteúdo e publicidade em ofertas over-the-top (OTT) e multitelas. Mesmo em diferentes perspectivas, as possibilidades são grandes em contextos de social TV, guias de programação eletrônicos (EPG) e media centers, como observado durante o painel "As oportunidades das novas plataformas", durante o terceiro e último dia da ABTA 2012 em São Paulo nesta quinta-feira, 2.

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O vice-presidente de gerenciamento de produtos da Technicolor, Andy Flickner, enxerga uma oportunidade de disponibilizar o conteúdo multitela por uma evolução do set-top box (STB), que ele chama de media server. "Sistemas OTT já são adaptados às multitelas, os sistemas clássicos não. O STB virou um fardo", diz, referindo-se às dificuldades de integração de middleware e a falta de recursos dos dispositivos. Flickner diz que esses novos aparelhos poderiam proporcionar acesso condicional convertido em DRM, permitindo levar o conteúdo ao aparelho com a proteção necessária.

Citando estimativas da própria Technicolor, a aposta é de que, nos Estados Unidos, estes Media Servers sejam 80% dos DVRs HD em 2015, com crescimento inicial na América Latina por volta desse mesmo período. Outra solução possível para o futuro seria o Media Gateway, que adicionaria tudo em uma caixa só: vídeo, telefonia e dados. No entanto, ele considera que seria um produto "muito complexo, com dificuldade para o desenvolvimento de software e de integração".

Já o diretor de mídia da Inview, Mark Rooney, observa uma realidade mais atual, na qual o único aplicativo que importa, no final das contas, é o EPG. O fundamento é nos princípios de que é necessário dar informação sobre o conteúdo e utilizar metadados relevantes para uma fácil indexação, permitindo ao usuário achar o que procura facilmente. "O consumidor quer navegar pelo conteúdo e não quer que isso seja difícil. Além disso, pagar pelo produto tem de ser fácil", explica. Para ele, o sistema de avaliação e recomendação precisam ser inteligentes para se tornarem relevantes, e as TVs conectadas vão poder proporcionar isso pelo EPG.

O CEO da IBC Media Systems, Hervé Muyal, também aposta no conteúdo social. No entanto, a abordagem dele é de que já há uma interação acontecendo com a segunda tela, seja por um smartphone, por tablet ou mesmo um notebook. Baseando-se no conceito de que a TV sempre foi social, ele propõe um pensamento diferente, levando o operador a se preocupar não somente como o que acontece durante um programa, mas antes e depois também. Para tanto, a ideia é buscar oferecer conteúdo extra, seja por meio de aplicativos ou gerando discussões em redes sociais como Facebook e Twitter. "Isso vem de três fenômenos: associação da web ao segmento, aparição de múltiplas telas e a capacidade multitarefa do usuário", defende.

Segundo Muyal, a média de internautas que assistem TV enquanto navegam é de algo entre 43% e 61% no Brasil. Combinando isso com dados do IDC de que o País venderá 29 smartphones por minuto até o final de 2012 e de que há mais de cem empresas com aplicativos de segunda tela no mundo atualmente, a oportunidade está em gerar o engajamento do consumidor. O problema é esperar resultados rápidos. "Acho que não precisa gerar receita agora, pois pensar nisso corta muitas experiências. Mas quem trabalhar agora vai ter muita vantagem no futuro", justifica.

Nuvem

O vice-presidente de marketing de produtos e desenvolvimento de negócios da RGB Networks, Ramin Farassat, vai além e sugere a utilização de nDVRs, gravadores de vídeo digital que eliminam a necessidade de discos rígidos com o STB do assinante e levam o conteúdo para a nuvem. "Muitos operadores falam que se pode levar essa função para o servidor e economizar. Além disso, é mais prático para o consumidor, pois simplifica a operação. Alguns CTOs com quem conversamos dizem que querem reduzir custos com STBs e uma das coisas é [implementar] o nDVR", explica.

Além de também facilitar a distribuição de conteúdo OTT, a ideia é incorporar a publicidade até mesmo nessas gravações, podendo inclusive fragmentar e oferecer propagandas direcionadas a cidades, grupos específicos e até mesmo individuais. No entanto, ressalta Farassat, é preciso ter alguns cuidados, como unificar a arquitetura com VOD e ao vivo, além de suportar encriptação DRM por cliente, lidar com a escabilidade da demanda, possibilidade de criar peças para multitelas e suporte a padrões de inserções.
 

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