A rede 5G da Claro deverá utilizar as mesmas faixas hoje aplicadas no 4,5G, uma solução encontrada para a operadora não precisar esperar pelo futuro leilão da Anatel, que só deverá ocorrer em 2021. Mas o espectro ainda é algo com o qual a operadora conta.
Sem entrar em muitos detalhes, o CMO da Claro, Márcio Carvalho, mencionou o lançamento da rede 5G utilizando compartilhamento dinâmico de espectro (DSS) durante evento online da Futurecom nesta quinta-feira, 2. Ele ressalta que a rede aproveitará as frequências já aplicadas no LTE-Advanced Pro, que agrega portadoras nas faixas de 700 MHz, 1.800 MHz e 2,5 GHz (além de utilizar tecnologia de múltiplas entradas e saídas MIMO 4×4).
"O espectro já está alocado, depois virá o leilão e vamos aumentar a capacidade", destaca Carvalho. A questão é que, até que o certame aconteça, será necessário também passar pelo desafio de aumentar a capilaridade da cobertura, uma vez que "as frequências são mais altas e vão demandar mais investimento". Isso porque, quanto mais alto o espectro, menor a área de cobertura de cada antena.
"A gente acredita muito nesse investimento gradativo. Temos o 4,5G implantado desde 2017. Com a nova tecnologia do DSS, a gente já tem ganhos e começamos a caminhada [para o 5G] a partir de agora", declara.
Na opinião dele, o leilão de 5G precisa ser "sustentável, equilibrado, isonômico e fomentar o investimento em infraestrutura". Apesar de a Claro estar iniciando desde já a nova tecnologia, Carvalho fala que é necessário obedecer o "ciclo natural" das gerações. "Não adianta forçar, porque a adoção do 5G também vai passar por consumidores, e terá custo de escala. A curva tem de ser respeitada."
Para a TIM, a nova tecnologia vai precisar da capacidade para mostrar a plena capacidade. "Não é simplesmente o 5G, é o 5G com mais espectro para continuar dando vazão", avalia. Ele ressalta que o leilão é, na verdade, de espectro, e não necessariamente atrelado à tecnologia.
Capdeville diz também que o 5G ainda vai demorar a trazer retorno sobre o investimento, e que o ecossistema não será exclusivamente com telecomunicações, mas com outras verticais. Ou seja, boa parte da receita das teles continuará atrelada ao 4G por um bom tempo. O que traz um desafio em relação à expansão da próxima tecnologia.
"Continuamos a investir no 4G, no avanço da cobertura, e ainda tendo que pagar espectro novo. Quando coloca isso em operadoras, que têm grande taxa de investimento sobre receita, aí pode começar a faltar dinheiro para investir no 5G", declara o executivo. Ele disse que a TIM está sendo "vocal" com o governo para, justamente, poder contar com o uso dos fundos setoriais como o Fust. "Precisamos deixar de ter obrigações e ter mais incentivos."
"É um capital extensivo e parte dos investimentos é em dólar", ressalta o diretor de regulamentação e assuntos institucionais da Oi, Carlos Eduardo Medeiros, comentando sobre o mercado em geral. "O segredo está no aumento de escala", complementou.