Banda larga via 5G vai deslanchar no Brasil, aposta Qualcomm

Foto: Intelbras

Uma das grandes entusiastas da adoção do FWA (banda larga sem fio) a partir das redes 5G, a Qualcomm segue otimista com as perspectivas para a tecnologia no Brasil. A aposta na queda de preços, avanços no ecossistema do FWA e o interesse de provedores regionais no modelo "sem fio" são algumas das razões.

Segundo o gerente sênior de desenvolvimento de negócios da Qualcomm, Fransérgio Vieira, o mercado de banda larga FWA tem crescido "até que rapidamente" no País – mas por enquanto por conta da Brisanet, que somou nos últimos meses mais de 30 mil novos clientes de banda larga atendidos com o 5G no Nordeste.

As grandes operadoras, por sua vez, ainda estariam "analisando" a tecnologia, com ofertas mais focadas na complementação das redes de fibra e cuja precificação ainda não teria caído no gosto do assinante de banda larga, avaliou o executivo em conversa com TELETIME.

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"Massificar o FWA depende de atender duas necessidades básicas do usuário: uma é receber o CPE [equipamento na casa do cliente] em comodato e a outra, que o preço do serviço seja atrativo. As duas coisas, com exceção da Brisanet, ainda não aconteceram no Brasil", afirmou Vieira.

Hoje, a oferta da entrada da Brisanet no FWA é de R$ 99 mensais em caso de pagamento digital, com franquia de dados de 350 GB e equipamento cedido em comodato. A Vivo cobra R$ 150 mensais em plano com franquia de 150 GB e vende o equipamento de forma separada, assim como a Claro, cuja oferta inicial é de R$ 199 em plano com franquia de 200 GB.

Para a Qualcomm, a tendência é que o preço das ofertas de FWA siga uma trajetória de queda, seguindo o que foi visto em mercados onde a tecnologia já deslanchou, como os Estados Unidos e a Índia. No caso norte-americano também estão presentes ofertas baseadas em velocidades em vez de franquias, embora com cláusulas de "uso justo" (fair usage).

No Brasil, a chegada de ofertas FWA foi acompanhada por preocupação das teles com um possível esgotamento dos recursos espectrais, o que poderia afetar usuários móveis da rede 5G. O gerente sênior da Qualcomm diz que este temor está reduzindo, por conta de avanços nos recursos de gerenciamento de rede, como o fatiamento de rede (network slicing).

Mas além das grandes teles e da Brisanet, outros provedores regionais de banda larga também devem ter relevante papel na massificação, aposta a fornecedora. Para a Qualcomm, muitos provedores regionais vão se tornar "sem fio" nos próximos anos.

"Muitos deles vão se tornar WISPs, ou ISPs wireless", afirma Vieira, a partir do interesse crescente das regionais no modelo de parcerias para oferta do FWA. Um exemplo é o consórcio Amazônia 5G, que aposta em modelo cooperado no Norte e em SP, e que aposta na tecnologia. Menores custos de operação com postes, com manutenção da rede e instalação são possíveis vantagens do modelo entre regionais da banda larga.

Ecossistema

Segundo a Qualcomm, o ecossistema de FWA está evoluindo, com a disponibilidade de equipamentos Wi-Fi, dongles e mesmo o leque de fabricantes avançando de forma rápida. A própria fornecedora tem ampliado seu portfólio de chipsets para equipamentos FWA, sendo o x85 o lançamento mais recente.

Fransérgio Vieira, da Qualcomm
Fransérgio Vieira, da Qualcomm

"A disponibilidade de silicon para semicondutores aumentou, cresceu o número de concorrentes e o preço tem caído mais rápido do que a gente esperava", resumiu Vieira. "O ecossistema aumentou muito em um ano", completou o gerente sênior da Qualcomm, traçando um panorama otimista para o futuro do FWA.

Há ainda outros fatores que podem influir positivamente na adoção. Um deles é a chegada de CPEs que operem com uma capacidade reduzida do 5G (5G RedCap). A Qualcomm já está fazendo testes no Brasil da tecnologia, que usa portadoras menores de espectro (como 20 MHz) para entregar velocidades de até 200 Mbps (o FWA tradicional pode alcançar 1 Gbps).

Assim, a avaliação é que equipamentos com RedCap terão preços mais competitivos, contribuindo na massificação da tecnologia. Segundo Vieira, a tendência é que tais CPEs cheguem no mercado a partir de 2026, uma vez que os recursos de capacidade reduzida também dependem da migração das redes 5G para o release 17 do 3GPP.

Outra aposta para a banda larga sem fio via 5G são CPEs outdoor (externas), e que podem ser utilizadas em casos de uso como o atendimento de áreas rurais e escolas. Vale notar que novos editais do fundo setorial Fust estão permitido o uso do FWA em projetos de educação conectada.

Segundo Vieira, no uso das CPEs outdoor, os aparelhos podem ser conectados como uma antena na área externa do local a ser coberto, trazendo ganhos como um raio de cobertura ampliado e a ramificação do sinal para diversos access points distintos.

Hoje, o FWA já está sendo utilizado em usos além do mercado residencial , embora muitas vezes como redundância para as redes de fibra óptica. Bancos, órgãos de governo, galpões logísticos, grandes eventos e mesmo transmissões de broadcast despontam como usos B2B da tecnologia.

Para a Qualcomm, as oportunidades no segmento corporativo devem ser ampliadas com a chegada do FWA em ondas milimétricas, capaz de entregar velocidades de até 10 Gbps a partir de espectro que as teles nacionais já possuem; e a partir do 5G-Advanced, que permitirá capacidades de inteligência artificial (IA) dentro do CPE e gerenciamento de rede capaz de trabalhar com até oito antenas 5G distintas.

1 COMENTÁRIO

  1. Do jeito que o 5G é tratado no Brasil, vai ficar só na esperança. Querem dar 40g de plano por 100 reais e ainda acham que tão cobrando barato.

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